Carta aberta ao meu filho/a de IC

Jocax / fevereiro/2021

Querido filho/a,

 Estou escrevendo esta carta para que você possa me conhecer um pouco mais.

Sei que no futuro, quando você estiver mais velho , vai sentir curiosidade sobre suas origens, sobre como pensava seu pai, seus avós, seus antepassados.

 Eu tive esta curiosidade sobre meus avós, e ainda tenho. Queria saber o que pensavam sobre o mundo, seus valores, conhecer um pouco de suas personalidades, que, talvez, eu tenha herdado também.

Uma pena que não deixaram nenhum texto sobre o que pensavam, ou alguns aspectos de sua psique ou de suas vidas.  Sinto esta falta de informações.

Talvez, no futuro, seja fortemente incentivado, pela sociedade, que os pais deixem algo assim para seus filhos e netos. Quem sabe? Quantos netos gostariam de saber sobre seus avós já falecidos? Eu gostaria muito que meus avós ou meus pais tivessem deixado algum escrito assim, sobre eles mesmos, para que seus filhos e netos os conhecessem melhor.

Pode parecer estranho, mas, nossas raízes biológicas, de onde viemos, cedo ou tarde terão importância para nós.  Espero que, com esta carta eu possa suprir, pelo menos um pouco, esta lacuna quando você sentir, como eu, esta curiosidade sobre seus ancestrais.

Infelizmente, devido às circunstâncias, neste momento (2021) eu já velho (64), e você ainda criança ou bebê, não teremos muita oportunidade de conversar.

Então, talvez, este seja o único meio de você conhecer um pouco mais seu pai do que pesquisas por internet, ou informações que sua mãe te passou.

Se você já for adulto, quando ler esta ,carta, então deve se ter feito a pergunta: “Por que tantos filhos?”, “Que motivos?”, “Isso é bom para mim?”.

Sim! Deve ser bom para você J

Você deve ter mais de 100 meios-irmãos, e isso pode ser de grande valia se vocês conseguirem se manter, de alguma forma, “unidos” fazendo reuniões periódicas e conversando por meios eletrônicos entre si.

Que irmão deixaria de ajudar outro irmão, por exemplo, em caso de necessidade?

Minha motivação para ter tantos filhos, na verdade, são várias. Eu vou explicar a você aqui e mais pra frente na carta também:

Chama-se “Simbiose” quando um organismo ajuda outro organismo, e ambos têm vantagem nessa ajuda mútua.

Por exemplo, alguns pássaros entram na boca do crocodilo e comem os parasitas que ficam entre seus dentes. O pássaro ganha alimento e o crocodilo se livra dos parasitas.

 Legal né? 

 Da mesma forma eu ajudei sua mãe a ter você e em troca ganhei um filho que é você.

Mesmo que eu não tenha muito contato com você, e outros filhos, você e eles não deixam de serem meus filhos e, para mim, isso é muito importante e gratificante. Então todo mundo fica contente J

Além disso, desde criança, e muito mais depois de adulto, sempre quis ter muitos filhos. Eu acho que deve ser algum tipo de instinto paternal talvez. Ou porque eu me sentia de alguma forma “especial”. Eu me sentia um pouco diferente da maioria. Eu gostava de ser diferente, gostava de mim mesmo. E também queria de alguma forma preservar isso. Ainda não sei ao certo a razão, mas sempre quis ter muitos filhos, mesmo muito antes de ter criado o “genismo”, que falarei mais tarde nesta carta.

Para você entender muita das minhas atitudes textos e pensamentos, você deve saber que fui ateu (pessoa que não acredita em deuses, deus e outras entidades sobrenaturais) desde muito cedo. Acredito que desde os 12 anos de idade eu já era ateu.

A grande maioria da população brasileira, talvez mais de 95%, não é ateia. Apenas cerca de 5% são ateus então é provável que você também não seja ateu. Claro que nem por isso vou deixar de amá-lo/a. Minhas ex-mulheres também não eram ateias e nem por isso deixávamos de nos gostar e de ter um bom relacionamento.

Um fator que, talvez, não tenho certeza, tenha me ajudado a me tornar ateu, já que ninguém da família, na época, era (meus pais, embora católicos, nunca foram muito religiosos) é que, pela história que eu tenho em minha mente, devido a dificuldade na escolha de padrinhos, meu batizado nunca foi feito.

Eu tenho até uma frase que, às vezes, gosto de dizer com orgulho: “A melhor coisa que meus pais me fizeram foi não terem me batizado”. Por quê?

Por que, esse ‘não batismo’ fez com que eu fosse, de alguma forma, discriminado na escola, o que me fez pensar e me sentir ainda mais diferente e especial ;-)

 Pra mim, foi uma discriminação benéfica que acelerou meu pensamento crítico e meu ateísmo, fazendo-me ver o mundo com mais clareza.

Mas o ateísmo teve, e continua tendo, um papel importante na minha vida.

Minha infância foi normal, e creio que melhor que a de muitas crianças.

 Naquela época se podia brincar na rua, sem perigo de ser raptado ou coisa parecida.

 Hoje poucas famílias se arriscam a deixarem suas crianças brincarem na rua sozinhos – e nem deveriam- o perigo hoje é bem maior que outrora.

 Além disso, não existiam jogos eletrônicos, nem internet, o que fazia com que as crianças brincassem mais com o corpo, o que as deixava mais saudáveis que hoje em dia.

Entretanto, talvez hoje, um mundo fora da vida virtual seja um pouco maléfica, uma vez que, mesmo não sendo tão bom pra saúde física, os jogos eletrônicos e o mundo virtual instiga o cérebro muito mais fortemente que as antigas brincadeiras ‘de rua’.

Passei grande parte da infância numa época de prosperidade econômica. Meu pai, seu avô, foi formado em agronomia pela USP, sempre trabalhou por conta própria, entretanto vivia viajando. Eu e meus irmãos chegamos a viver alguns anos em Cuiabá, capital do Mato Grosso.

Depois, minha mãe, que não gostava de lá, pois tinha um clima extremamente quente, quis sair e voltar pra são Paulo e meu pai comprou uma bela casa em São Paulo no bairro do Brooklin. Ele até chegou a possuir uma Ferrari, pequena e conversível de dois lugares, com o banco duro como pedra.

A partir de então, embora tivéssemos um ótimo padrão de vida, meu pai vivia mais no Mato Grosso do que em casa. Quase não o víamos. Sempre foi um ‘pai ausente’ para nós durante esta fase da infância.

Seu avô era ambicioso e acabou dando um pulo maior que as pernas: Comprou uma fábrica de bebidas, mas, creio, não sabia das dividas trabalhistas que os antigos donos haviam deixado, e acabou indo a falência.

Teve que vender nossa casa para pagar dívidas. Saímos e fomos morar na casa da minha vó, a mãe dele.

 Minha mãe começou então a trabalhar fora, para ajudar no orçamento. Meu pai nunca se recuperou completamente daquela falência, embora tenha saído do ‘atoleiro’ e comprado outra grande casa, onde minha mãe vive com as duas filhas, minhas irmãs, até hoje.

Meu pai, assim como minha mãe, sempre foram bastante inteligentes.

Como meu pai, minha mãe também entrou na USP, mas em biologia, infelizmente não completou o curso. Só foi fazer e completar, mais duas faculdades (particulares), anos mais tarde, de administração e depois psicologia, nessa época, eu cursava Física na USP.

Meu pai, muito inteligente, sempre gostou de bolar invenções. Parece-me que até registrou algumas patentes (de maquinas perfuratrizes ou algo assim). Além disso, sempre foi curioso e tentou, embora não fosse sua área, entender a parte da física sobre teoria da relatividade e alguns problemas do Universo.

Acho que herdei dele essa ‘sanha’ de desvendar mistérios do universo e tentar elaborar novas teorias para antigos problemas. (Depois escrevo um pouco sobre algumas teorias que bolei ;-)

 Então, depois que meu pai faliu da fábrica que tinha comprado, voltou pra São Paulo, se reergueu de certa forma ,então, depois de certo tempo , já bem mais velho, se desfez da sociedade que tinha com amigos em são Paulo, e se ‘auto aposentou’, minha mãe continuou, prestando concursos públicos e sustentando a família.

Eu, nessa época que minha mãe começou a sustentar a família, tive meu primeiro casamento, com cerca de 30 anos de idade.

Minhas duas irmãs nunca se casaram e nunca trabalharam e, ao que me consta, nem nunca namoraram, e nem tiveram filhos.  Acho que foi pressão psicológica da minha mãe que, talvez, quem sabe? Por medo de ficar sozinha, ou não expor as filhas ao mundo externo , “cruel” e “perigoso”, preferiu mantê-las com ela. Viveram numa “gaiola de ouro” como se costuma dizer.

Para protegê-las?

As razões para que minha mãe desse uma “superproteção” às minhas irmãs talvez eu nunca saberei. Mas, de certa forma, eu a culpo um pouco por isso, pois não creio que foram felizes.

Eu sempre fui *muito* tímido. Por isso só tive minha primeira namorada (Isabel), quando já estava na faculdade. Talvez com 19 anos, por aí.

Posteriormente, comecei a trabalhar na Labo, uma indústria nacional de computadores que faliu, onde conheci e casei com minha primeira esposa a Rita. Tivemos dois filhos Arthur (nasceu em 1984) formado pelo Mackenzie em engenharia, e Raquel (1986) formada pelo Mackenzie em Arquitetura, hoje morando na Austrália.

Depois, separei-me da Rita e me casei com a Sandra, tivemos oito filhos (Alex, Tamires, Alan, Nicole, Yuri, Ryan, Laila, e Kael).

Novamente, separei-me da Sandra e Casei-me com a Luiza e tivemos quatro filhos (Yan, Alexia, Ryana e Lorreny).

No final de 2015, ainda casado com a Luiza, eu fiquei sabendo de um grupo de facebook sobre IC  (Inseminação Caseira)  fiquei muito interessado e me inscrevi. Logo em seguida comecei a fazer IC.

Inseminação caseira é tipicamente um processo, sem contato físico, em que um homem doa uma sementinha (espermatozoide) , dentro de um potinho, ou seringa, e entrega para a mulher, que quer ser mãe, que a utiliza para fazer um filho e tornar-se mãe.

Para mim, que sempre quis ter muitos filhos, esse processo “caiu do céu” poderia ter muitos filhos e sem ter que pagar pensão. Um sonho que se torna realidade. Empenhei-me então no processo, criei também um grupo, e tornei-me , provavelmente, o maior doador de sêmen do Brasil.

Saíram algumas reportagens maldosas, sobre a IC e sobre mim, porque esse processo de geração de filhos sem vínculo de parentesco e a custo reduzidíssimos, estava tirando muito lucro das clínicas especializadas que cobravam fortunas para ajudar mulheres que queiram um filho, e que não conseguiriam de outra forma, pois nem sempre eram casadas com um marido fértil e muitas vezes nem casadas com homem.

Então eu creio que estas reportagens foram patrocinadas por um conjunto de clínicas que queriam denegrir a imagem das ICs e me colocaram como o ícone da IC a ser destruído. E assim, teriam talvez, seus lucros de volta.

Bom, não vou me estender neste tópico, que até a presente data, ainda não acabou.

De qualquer forma você, querido filho/a , veio ao mundo por esse processo e tanto sua mãe como eu, seu pai biológico, desejamos muito que você existisse!

Diferentemente de muitos outros doadores, eu nunca recusei contato com os filhos que ajudei a gerar. E, para mim, sempre foi um prazer receber a visita ou a foto ou alguma notícia sobre seu crescimento e coisas assim.

Eu passei a você metade dos meus genes. Então você é uma parte de mim em termos genéticos. Por isso eu tenho uma frase que gostaria que pusessem em minha sepultura quando eu morrer: “Parte de mim vive em ti”.

Isso reflete meu pensamento de que, quando eu morrer, uma parte de mim vai sobreviver em você, que herdou metade de meus genes, genes estes que também carregam parte da minha psique, isto é, alguns aspectos da minha personalidade.

Eu tenho também algumas marcas físicas de nascença, que eu sei, que alguns dos meus filhos, não todos, herdaram.

Por exemplo, eu tenho um pequeno nódulo atrás de uma das orelhas, uma pequena bolinha bem entre a cabeça e a uma das orelhas. Outra marca é um pequeno calombo na costela, no meio do peito, como se fosse um pequeno inchaço no osso de uma das costelas. Uma outra marca é uma “pinta” grande no braço. Alguns filhos nasceram com a “pinta” em lugares diferentes.

Além das marcas físicas, eu possuo alguns traços de personalidade que você também pode ter herdado.  Alguns deles eu já falei e vou repeti-los:

Sempre fui muito tímido, mudei isso a muito custo, com esforço, através dos anos e de sofrimento decorrente dessa timidez. Nem sempre a timidez ajuda a pessoa, espero que você não tenha herdado este traço, se herdou, tente lutar contra ele, assim como eu fiz. A timidez às vezes é benéfica, mas em geral não é.

 Eu me considero uma pessoa inteligente, a maioria das pessoas que me conhecem dizem isso também.  Mas alguns dados talvez reforcem esta aparência.

 Eu, como disse, cursei bacharelado em Física pela USP e terminei o curso com a primeira ou segunda maior média da minha turma. Só tive três matérias com média abaixo de 7.0. O curso de Física é considerado fácil de entrar e muito difícil de sair.

Depois fiz bacharelado em ciência da computação também pela USP.

Este curso eu demorei muito para terminar, pois quando eu o iniciei, eu já trabalhava, e o curso era de dia, no horário de trabalho, então quando comecei a trabalhar, na Labo Eletrônica, onde conheci minha primeira esposa, Rita, tive que trancar a matrícula ou simplesmente não cursar.

 A Labo era uma empresa que fabricava e vendia computadores montados no Brasil. Eu comecei lá como instrutor de treinamento. Ensinava um pouco de programação de computadores e também como operar os computadores que a empresa vendia. Depois sai da área de treinamento, e fui para a área de desenvolvimento de software da mesma empresa.

Mudei de emprego, sai da Labo, e fui trabalhar como Analista de Sistemas no Banco Itaú. Lá, me deixaram cursar parte das matérias do curso de computação da USP, na parte da manhã.

Ganhava muito mal no banco, saí e fui trabalhar na Unisys, também como Analista de Sistemas. Foi quando um amigo que fazia computação comigo, me chamou para trabalhar com ele na USP. Lá consegui acabar o Bacharelado em Computação e é onde trabalho até hoje.

Também consegui cursar e terminar o mestrado em engenharia elétrica pela USP.

 Não continuei na área acadêmica porque queria me dedicar a escrever um livro sobre minhas principais ideias. Tinha dificuldade em escrever, pelo menos tinha, mas depois de algum esforço consegui terminar meu livro (Genismo) e continuei escrevendo alguns artigos e textos sobre algumas ideias que tive. Essa prática permitiu-me escrever esta carta sem muito esforço, mas repito: foi através de força de vontade, de esforço, que rompi a barreira da dificuldade de escrever. Então, se você também tiver esta dificuldade, lembre-se, que com persistência e perseverança você poderá, como seu pai, superá-la.

Embora tenha facilidade na área de exatas, como disse, sempre fui ruim em português, e línguas em geral. Interessante notar que, inicialmente, na escola infantil, eu não tinha facilidade em matemática. Mas depois de algum tempo e talvez alguma paciência de algum instrutor, eu deslanchei, era muito melhor que todos os alunos da classe em matemática e física. Então, não se preocupe se você inicialmente possa ter dificuldades em matemática. Às vezes, como eu , só precisará de um empurrãozinho pra deslanchar e ficar craque.

Minha mãe sempre gostou de resolver charadas e quebra-cabeças em geral. Acho que herdei isso dela. É uma forma de auto desafio que também estimula o desenvolvimento cerebral.

 Quem sabe no futuro você também irá gostar de quebra-cabeças e charadas?

Acredito que isso me levou a ter facilidade em detectar e resolver contradições e paradoxos.

Qualquer paradoxo que eu ficasse sabendo me deixava “louco”, não pensava em quase mais nada em quanto não resolvesse o mistério.

Para mim era quase uma questão de honra resolver determinados paradoxos. Creio que o ponto culminante nessa prática foi a detecção de uma falha na teoria da relatividade restrita que me levou ao artigo “Jocaxian’s Train” (O Trem Jocaxiano) onde exponho claramente a contradição na teoria. A Realidade não apresenta contradições, o que facilita verificar fraudes em religiões e teorias.

Sou, em geral, bastante calmo. Pode começar a pegar fogo na casa (o que já aconteceu) e eu me mantive bastante calmo , embora minhas irmãs se desesperassem com o perigo. Sou em geral muito paciente mas minha paciência também tem seus limites limites. (Eu acho uma característica boa, espero que vc a herde ;-)

Tenho extrema dificuldade de localização, de saber como ir pra algum lugar. Isso eu herdei da minha mãe, que também tem esta dificuldade extrema.

 Meu pai é o contrário, se localiza e se locomove com grande facilidade pela cidade mesmo na época que não existia GPS. 

Eu, sem GPS, estaria muito mal na cidade. Para mim é um item imprescindível. Eu não sei se esta dificuldade extrema de me localizar e me locomover geograficamente numa região é porque esta área do cérebro foi ocupada por algo mais importante, ou não, mas espero que seja isso.

Se você herdou isso de mim, não se desespere, ande com seu GPS sempre carregado quando for para algum lugar distante e desconhecido, e você não terá problemas ;-)

Quando tinha 18 anos, lembro-me de ter lido uma reportagem de como o álcool matava os neurônios do cérebro. A partir de então tenho sido um abstêmio radical. Raramente tomo algum cálice de vinho ou de champanhe.

As exceções são quando é para brindar com a esposa ou namorada.

Da mesma forma que não bebo também nunca fumei. Isso me deu uma saúde invejável (apesar de 64 anos ,peguei e passei pelo corona vírus ileso) e bastante ânimo para continuar a fazer filhos espertos , bonitos e saudáveis como você !

Assim como minha mãe, sempre gostei de animais, já ouvi muitas mães dizerem que nossos filhos, seus irmãos, também amam gatinhos e cachorros, então você tem grande probabilidade de gostar também.

Creio que gostar de animais é uma forma de exercer a empatia.

Empatia é um dos mais nobres sentimentos que a pessoa pode ter. Ela permite você , de alguma forma, a sentir uma parte do que a outra pessoa está sentindo.

Como se a alegria da outra pessoa passasse para você (e a tristeza também), fazendo com que você sinta um pouco do que a pessoa sente. Assim vem o prazer em ajudar e ver a outra pessoa ficar mais feliz, isso vai alegrar você também.

Então, quando você agrada um animal e ele sente prazer , se você tem empatia , o prazer proporcionado ao animal volta pra você também. Legal né?

Talvez seja por empatia que sempre me considerei de “esquerda”. Ter uma posição política de esquerda é privilegiar, gastar ou destinar mais recursos com o as pessoas que mais necessitam, os mais pobres, os que mais precisam de ajuda. Isso por que, em geral, o sofrimento tem um impacto maior na felicidade do que o prazer.

Evitar o sofrimento dos mais necessitados é, em geral, mais valioso e mais barato do que aumentar o prazer dos mais ricos. Então, orgulhosamente, sempre fui de esquerda e continuarei sendo.

Fidelidade?  Eu tenho uma frase que diz: “O Melhor sinto de castidade é o amor”. Então quando eu era mais jovem se eu amasse eu era fiel, e se não amasse , nem sempre era. E isso talvez não seja uma característica boa.

De qualquer forma, parece que com o tempo eu aprendi a ser fiel mesmo sem muito amor.

Percebi que a fidelidade pode ser treinada e aprendida, e que nem sempre vale a pena ser infiel, e em geral, não vale mesmo.  (Espero que você não herde isso de mim, ou aprenda a ser fiel mais rápido do que eu aprendi ;-)

 Como disse antes, eu fiquei abstêmio com 18 anos porque queria preservar meus neurônios porque queria fazer algo grande, tentar me destacar no meio da multidão, me sentia especial e queria mostrar que era. E isso é algo bom, pois te impulsiona a realizações, a não ficar no marasmo, é um desejo que te move a tentar “ser alguém”.

Mesmo que você não consiga realizar nada especial, você poderá dizer : “Eu tentei”. Aí você não vai morrer achando que desperdiçou a vida. Você ao menos tentou fazer alguma coisa, a realizar alguma coisa. Isso é importante. Além disso, claro, se não se tentar não se realiza mesmo!

Meu objetivo primeiro nunca foi o dinheiro, riqueza, como é o objetivo da maioria das pessoas. Sim dinheiro é importante, mas nunca foi a meta da minha vida.

Você ou sua mãe conhece quantos caras que ficaram famosos por serem riquíssimos ao longo da história da humanidade? Algum nome? Difícil ! A riqueza não traz reconhecimento nem ajuda a humanidade.

Mas, e se eu te perguntar de Escritores, Artistas ou Cientistas?  Neste caso aparecerão um monte de nomes, como Newton, Galileu, Da Vince, Pasteur, Picasso, Machado de Assis, Buda, e por ai vai....

Por isso a riqueza nunca foi meu objetivo, e sempre me dediquei a ser um pensador e a explorar novas ideias e, posteriormente, escrever sobre elas.

Queria e quero ser reconhecido pelas ideias e teorias que criei e não pela fortuna que acumulei (que por sinal é mais dívida que riqueza rsrs).

E eu acho que consegui o meu objetivo. Pelo menos no meu modo de ver e entender , modéstia bem à parte, no meu modo de ver, eu já ‘fiquei na história’. Claro o tempo, como sempre, será o verdadeiro juiz.

O reconhecimento, penso eu, virá depois da minha morte. Não pelos lindos bebes que tive, mas pelas teorias que criei e vou explicar um pouco a você sobre as mais importantes delas.

A teoria que considero mais filosoficamente importante é sobre a origem do universo. Eu a chamei de “O Nada Jocaxiano”. (Costumo colocar meu apelido “Jocax” em algumas das minhas teorias que considero importantes).

Nesta teoria, o universo surge do’ Nada Jocaxiano’(NJ) , porque o ‘Nada’ verdadeiro não possui regras nem leis. Assim as leis da nossa natureza, deste nosso universo que vivemos, não existiam quando existia esse nada. Eu te pergunto: Se não existem regras nem leis, há alguma proibição de alguma coisa?

Não, se houvessem proibições haveriam regras. E se não existe proibições, absolutamente tudo pode acontecer, desde aparecer um elefante rosa desse NJ , como aparecer um ‘Big-Bang’, ou múltiplos universos etc...

Legal , né? No meu texto sobre isso eu explico como um universo com leis físicas compatíveis pode ter surgido a partir do NJ.

O “Trem Jocaxiano” (‘Jocaxian’s Train’, em inglês) eu mostro que a teoria da relatividade restrita é contraditória e, portanto, falsa.

A “Meta-Ética-Científica” (MEC) é uma mistura de uma teoria já existente (O Utilitarismo) generalizada para abranger todos os seres sencientes com uma fórmula, que eu inventei para medir a felicidade.

Grosso modo, a felicidade seria a soma de todos os sentimentos, bons e maus, ponderados pela sua duração no tempo. E a MEC diz que a melhor ética, a melhor justiça, a melhor moral é executar escolhas e ações que maximizem esta felicidade, calculada desta forma, no maior período de tempo possível de calcular, englobando todos os seres sencientes, e não apenas humanos. Isso vai revolucionar o direito e a justiça, imagino, num futuro longínquo.

O projeto Felicitax e a construção de Deux. É uma teoria que quase ninguém entendeu e nem vai entender. Mas, provavelmente, será dominante daqui uns 10 mil anos por aí. Parece um texto de ficção científica, mas na verdade não é.  Não falarei muito sobre porque você deve ser jovem para entender isso também. A ideia é maximizar a felicidade do Universo, não através de humanos, mas de algum ser ou computador que possa sentir felicidade muito mais que humanos. Os humanos deveriam construir esse ser. Esse ser também deveria ter a capacidade de se auto evoluir, gerando ou se mutando em seres (ou um único ser), com cada vez mais capacidade de sentir e a felicidade seria aumentada exponencialmente com o tempo.

O Genismo é uma filosofia que criei , que apesar de ser o nome de um site que criei, não é a minha teoria mais importante. Quando você tiver idade suficiente , talvez uns 15 anos, você vai entender o Genismo depois de ler o livro “O Gene Egoísta” do escritor Richard Dawkins.

Neste livro do Dawkins, ele prova por ‘a+b’ que os organismos vivos foram evoluídos no sentido de preservarem seus genes através dos tempos. Mais rude ainda: Nós e outros organismos vivos somos como se fossemos uma ‘casca’ construídas pelos genes para eles próprios se preservarem pelas gerações.

Perfeito e maravilhoso, mas ele , estando com a ‘faca e o queijo’ nas mãos, concluiu , a meu ver equivocadamente, que nós, agora sabendo disso, poderíamos (ou deveríamos?) ir contra nossos genes!??

O Genismo utiliza este conceito, mas conclui o oposto: Nós na verdade, nossa essência, somos nossos genes e não nossa consciência. Nossa consciência, como o estômago e as unhas, são ferramentas dos genes para se perpetuarem.

Ir contra nossos genes é ir contra nossa essência mais profunda. Por isso devemos agir , pensar tendo os nossos genes em mente e não nossa consciência, que é efêmera e vai acabar.

Agindo a favor dos genes, e não contra eles, fará reduzir conflitos internos e patrocinará maior felicidade. Além disso, o genismo prega que sendo nós os nossos genes, nossa imortalidade está nos genes e não em almas invisíveis. Isso reforça ainda mais a importância dos genes em nós.

Mas calma!  Somos “aprendizes de feiticeiro”!  Nossos genes estão compartilhados entre praticamente todos os seres vivos e não apenas em nossos parentes próximos. Portanto, temos que ter cuidado com o que aprendemos para não fazer ‘besteira’ de jovens aprendizes de feiticeiro.

De qualquer modo, você está vivo hoje, muito provavelmente, por causa do genismo !

Se eu fosse uma pessoa comum, como a maioria, que só pensassem em “curtir a vida”, viajando, passeando, indo a restaurantes etc... Iria pensar que filhos seriam um estorvo, algo que dificulta muito a “curtição da vida”.

Muitos pensam assim, e nem tem filhos, pois colocam a sua consciência, a sua capacidade de curtir a vida acima dos genes. Isso pode levar a uma vida fútil e sem ‘sentido’.   Acabam procurando o ‘sentido da vida’ em seitas exotéricas, e religiões diversas.

Então, novamente, você existe porque você é o sentido de minha vida. Mesmo que não tenhamos contato, você é meu filho/a, e sua existência, e a deu seus irmãos, é a razão do meu viver.

Espero que tenha gostado da carta e entendido um pouco do que foi ou é seu pai, um pouco de sua história , família e pensamentos  ;-)