João
Carlos Holland de Barcellos
(1956- )
Eu nasci em 30/10/1956 em São Paulo , capital. Minha família era de classe média católica não praticante, daquelas que só são católicas , como se diz, “da boca prá fora” e que só vão mesmo à igreja em missa de sétimo dia. Por um capricho do destino nunca foi batizado, ao que me consta, parece que houve algum tipo de conflito na escolha dos padrinhos .. Foi minha SORTE ! Não sei se por causa disso, ou não, sempre me senti uma pessoa especial. A discriminação na escola por meu paganismo fez-me bem. Alem de me sentir ainda mais destacado, e diferente dos demais, isso me fez, ainda criança, questionar e pensar sobre religião , batismo , dogmas... Por isso, quando tive meus primeiros filhos, apesar da primeira esposa ser católica, fiz muita pressão para que também não fossem batizados.
Não me lembro de ter sofrido nenhuma influência para o meu ateísmo, mas logo cedo, por volta talvez dos doze anos, já me considerava ateu. Acredito que meu ateísmo precoce foi fundamental para o desenvolvimento de pensamentos livres e honestos, compromissados apenas com a ciência , a lógica e a verdade.
Sem religião, logo cedo decidi-me por seguir o rumo das ciências: Queria ser um cientista. E das ciências escolhi a Física que , alem de combinar com minha preferência por exatas, parecia ser aquela que mais recursos fornecia para desvendar os ‘mistérios’ do universo. Além disso, alguém se lembra de algum Prêmio Nobel que não seja Físico?
Na adolescência, a repressão sexual vitoriana-subliminar, que tínhamos em casa, teve seus efeitos : tornei-me um adolescente bastante tímido com as mulheres, tanto que só fui começar a namorar com vinte anos. Minhas irmãs, infelizmente, não tiveram tanta sorte e , praticamente, tiveram uma vida de clausura residencial que , no meu modo de perceber, levaram suas vidas como ‘pássaros numa gaiola de
ouro’.
Estes problemas familiares, por certo, devem ter direcionado parte de meus pensamentos e de minha atenção : Quais as condições necessárias para se ser feliz? Por que muitas pessoas que não carecem de recursos materiais ainda não são felizes? A primeira solução destas questões veio, talvez por volta de 1980, numa filosofia que chamei de “Filosofia Genética”.
A “Filosofia Genética” partia da constatação que não poderíamos mudar nossos genes enquanto pessoas pois estes tinham sido fixados, de forma imutável em nossos corpos, no momento de nossa concepção. Entretanto, nossa cultura, nossas crenças eram mais flexíveis, e podiam, eventualmente, serem alterados. Se agir contra nossa condição genética causa sofrimento então não deveríamos nos opor a ela, pelo contrário, deveríamos sim alterar nossa cultura, o máximo possível, para adequa-la aos nossos genes. Era o início do
genismo.
Formei-me em Física em 1980, era um bom aluno, durante os 4 anos que durou o curso, tive média abaixo de 7,0 em apenas três matérias. Estudava bastante pois queria ser um grande físico mas, já no 3o ano, estava meio desiludido com o curso e também com minhas perspectivas como físico. Mesmo assim continuei, me formei, e cheguei a fazer 6 meses de mestrado em Física. Paralelamente ao mestrado, refletindo meu descontentamento, comecei a estagiar em computação, que sempre foi um de meus fascínios, e também entrei na faculdade de ciências da computação onde fui me formar apenas em 1993. Desde então , e até hoje, continuo trabalhando como analista de sistemas na área de desenvolvimento de sistemas.
No final da década de 80 apaixonei-me pela psicologia evolutiva, meu hobby era tentar explicar os vários aspectos do comportamento humano pela ótica desta nova ciência. E foi o que fiz quando, no final de meu 1o casamento, de dez anos e um casal de filhos, sentia uma vontade irresistível de me separar: Sabia que meus genes estavam “querendo” outra família, com mais filhos que, infelizmente, a laqueadura de minha primeira mulher impedia. Então, separei-me, em 1994, com a convicção e com o propósito de ter outra família e... mais
filhos.
Minha memória sempre foi muito ruim, péssima mesmo e, infelizmente, não me lembro o ano exato em que cunhei a palavra “genismo” para refletir a evolução da antiga “Filosofia Genética”. Entretanto, lembro-me claramente de já tê-la criado na época em que iniciei meu mestrado em engenharia ( 1995-2000). Então, para efeitos históricos, podemos fixa-la, com boa margem de segurança, em 1997. Infelizmente, o único registro documentado, na internet, sobre a esta criação, data de
1999.
Atualmente, “casado” pela segunda vez e com mais três filhos (por enquanto), gasto a maior parte do meu tempo disponível tentando desenvolver e divulgar o genismo. Tenho plena convicção que a filosofia veio para ficar. Só não sei se no futuro vai ser incorporado pela ciência ou vai continuar como uma parte da filosofia.