Argos de Arruda Pinto
 (1962-)


Nasci em uma pequena cidade do interior paulista, Santa Rita do Passa Quatro. Filho de um publicitário com uma professora do magistério - ela lecionava psicologia, filosofia, história da educação etc. - , fui e muito influenciado por eles em minha formação cultural - científica. De meu pai com cultura geral e de minha mãe com a ciência.

De 8 para 9 anos fui presenteado por ela com um pequeno livro acompanhado de um kit de experiências. O livro trazia a biografia do físico inglês Sir Isaac Newton e pela primeira vez tomei contato com conceitos como inércia, força, ação e reação, gravitação, composição da luz branca etc.

O livro fazia parte de uma coleção mensal com uma peça de microscópio em cada um, para, ao final de seis meses se ter um microscópio de um poder fantástico de aumento, para uma criança, de 300 vezes!

Cada kit um livro biográfico de um cientista diferente. A coleção continuava depois da montagem do microscópio e, mesmo eu fascinado com imagens de células animais, vegetais e de microorganismos, preferia ler a realizar experiências. Estava aí a minha identidade como cientista teórico e multidisciplinar.

Lá pelo terceiro volume da coleção, a vida e a obra do meu cientista preferido: Albert Einstein. Ali, uma frase eu carregaria para o resto de minha vida: acontecimentos simultâneos para um observador podem não serem para outro. É o tempo relativo. Para mim o fato mais surpreendente da realidade.

Esses livros foram o primeiro marco científico da minha vida. O segundo veio de dois outros presentes: uma enciclopédia científica dada também pela minha mãe e um livro de ciências dado por uma amiga dela. Neste segundo, em duas páginas ilustradas sobre o surgimento da vida na Terra, do início nebuloso do planeta às formas primitivas da vida, tudo fez sentido para mim.

Gostava também de estudar as disciplinas escolares. Ia sempre bem na escola me dando muito bem em matemática.

Me lembro de não querer fazer a primeira comunhão, de amigos acharem estranho e de minha mãe e meu pai não interferirem, mesmo sendo ambos católicos e minha mãe praticante fervorosa do catolicismo.

Nunca tive um relacionamento maior com as religiões e com Deus porque questionava muitos dogmas, porque nunca fui de aceitar de imediato o que se colocava em minha frente. Acredito em algo superior mas criado pelas nossas mentes como descrevo em meus artigos citados adiante.

Além do meu espírito científico comecei a ler, lá pelos 11 anos, sobre o mundo, política, esportes, gente etc., ou seja, cultura geral. Desta vez a influência de meu pai em minha formação científica-cultural: uma enciclopédia de variedades dirigida para família mas a mim também. Tudo isso, creio eu, me levou a ser um eterno crítico da sociedade, dos valores aceitos sem questionamento, da padronização de comportamentos etc. Virei um sociólogo que odiava e odeio, quem não critica o que está errado em nosso mundo social.

Na escola, minhas notas e essa cultura incomodavam meus colegas de classe, sendo eu rechaçado, "preconceituado" devido a essa superioridade conferida pela minha inteligência. Era aí que eu obtinha mais vontade de estudar e ler.

Aos 15 anos, em meio às primeiras garotas com quem "fiquei" de verdade, às discotecas de sábados e domingos, li alguns livros sobre Relatividade, Astrofísica e Física Quântica. Começava a maturidade em termos científicos pois eram livros técnicos avançados.

Decidi fazer Física porque era a disciplina que mais me atraía. Não me via fazendo outra faculdade. No dia em que sairia o resultado da minha aprovação, em 1981, na UNESP de Rio Claro, eu estava em Santos, São Paulo, comprando "A Origem das Espécies" de Charles Darwin. Contradição? Não. Nunca deixaria de ser eclético.

Na faculdade eu era o físico que trocava idéias acadêmicas com geógrafos, biólogos e geólogos. Isso sem falar dos matemáticos.

Em 1983 li a "Teoria Geral dos Sistemas" de Ludwig von Bertalanffy. Esse foi o terceiro marco científico em minha vida. É o livro das conexões entre as ciências. Me vi nele.

Em 1984 outro marco: em uma página de uma revista de variedades, uma fusão de idéias entre sinapses, neurônios, neurotransmissores, sentimentos e emoções. Tudo fazia sentido.

Em 1988 li "Os Dragões do Éden", de Carl Sagan. Mais um marco, o quinto e último. Um estudo do cérebro do ponto vista computacional, neuronal, evolutivo, racional e emocional. Virei fã dele.

No ano seguinte deixei o mestrado em Ciências dos Materiais na Federal de São Carlos para me entregar sozinho em estudos profundos na Teoria dos Sistemas, Cibernética, Teoria da Evolução e Informação. Paguei um preço alto por isso. Fama de vagabundo e drogado! Nunca usei nenhum tipo de droga, ao contrário, sempre me preocupei com a saúde procurando me alimentar bem e praticar esportes. Bebo muito pouco e nunca fumei embora toda a minha família era de fumantes. Eu era e continuo sendo um livre-pesquisador-pensador o que considero trabalho mesmo demorando para dar os seus frutos. Problema era meu com essa demora. E você pode não concordar mas não serve para ser meu amigo.

Em 1992 me atrevi a escrever contos de ficção-científica colocando dois em um fanzine de nome Megalon de São Paulo. Eram eles: "O Inverno e o Abrigo", sobre um sobrevivente de uma guerra nuclear total no planeta e "As Etapas do Tempo", sobre uma visita alienígena desde o início da vida na Terra até os dias atuais.

Notei que possuía facilidade em descrever fenômenos científicos porque, entre outras coisas, os contos não contrariavam as leis científicas. Então escrevi um artigo chamado "A Base Material dos Sentimentos", só publicado em 2001, nove anos depois, na internet, na revista eletrônica de neurociência Cérebro e Mente, de uns pesquisadores da UNICAMP - www.cerebromente.org.br.

Nesse meio tempo continuaram meus estudos avançados em Teoria da Evolução, Auto-Organização da Matéria e a Teoria de Sistemas, sendo agora também um fã de Stephen Jay Gould.

Da Física dos anos 70 e 80, envolvendo sistemas simples, aos poucos fui passando aos mais complexos, para me fixar de vez no cérebro, o mais complexo existente.

Depois vieram "A Base Material dos Sentimentos - II", "O Porquê dos nossos Sentimentos" e "O Porquê dos nossos Sentimentos - II" .

Fiquei por demais satisfeito com esses artigos porque publicaram na frente até de doutores em psicologia. Publicaram os quatro em seguida, sendo o primeiro logo quando enviei. Pessoas do mundo inteiro me enviavam e-mails discordando ou não, mas querendo saber das minhas idéias. Um neurolingüista português de nome Luis Saro me pediu um artigo para prefácio de seu livro "A Sétima Caminhada" e escrevi com o maior prazer. E, o fato de maior importância: fui convidado para dar uma palestra em uma conferência na Universidade de Sydney na Austrália sobre inteligência e emoções. Os dois primeiros artigos tinham as suas versões em inglês... Não fui para a Austrália porque a passagem de ida e volta era muito cara e eles só pagavam a minha estadia.

Em outubro de 2002 a abril de 2003 a catástrofe: perdi minha mãe, meu pai e o meu trabalho nesses 6 meses! Perdi a vontade de trabalhar, ler e escrever. Vendi tudo dentro de casa, que era alugada, para sobreviver, o que corroborou para baixar ainda mais minha auto-estima. Morava em Santa Rita e depois vim para Campinas procurar trabalho.

Eu trabalhava em uma empresa há muitos anos com a parte administrativa e de vendas. "Um sistema que visa o lucro". Esta é a definição simplificada de empresa.

Só voltei a escrever no final de 2005, após 3 anos e dois meses de "escuridão". Escrevi uma finalização dos artigos da UNICAMP: "Uma Revolução Científica-Filosófica já Iniciada". Depois vieram "E o Homem Criou Deus", "Consciência, Genes e Nada Sobrenatural" e "O Relativismo das Religiões e o que Existe por trás Disto". Os últimos três escritos em um porão de pensão onde ficava meu quarto! Mas não se preocupem, estou bem.

Dou aulas particulares de Física e Matemática, nunca me casei e não tenho filhos. Gosto de "curtir" a mulherada. Mas quando a coisa é séria, levo a sério mesmo! Minha cabeça tem a capacidade de funcionar nestes dois planos, passando de um para o outro facilmente. Contradição o fato de não ter filhos com o Genismo? Não, para cada um que não queira ter filhos há milhares que o querem.