A Meta-Ética-Científica endossa que devemos e podemos
usar a razão humana para buscar a Felicidade. O leitor concordará diante
das evidências que esta não é somente uma utilidade razoável para a
faculdade humana de pensar, mas é antes disso a própria Raizon d’être
do pensamento humano. O objetivo deste artigo é elucidar a
importância e a origem o pensamento racional sob as luzes do neo-darwinismo.
A faculdade humana de pensar, planejar e resolver
problemas são uma poderosa ferramenta evolucionaria que permitiu que
as necessidades de perpetuação genética fossem satisfeitas. Em outras
palavras, pensamos porque isso se mostrou útil em nossa adaptação ao
meio e colaborou na perpetuação de nossos genes. “O homem pensa porque
tem mãos” dizia Anaxágoras em V a. C. O filosofo grego acertou na precedência
do corpo sobre a mente quanto a sua origem, mas teria acertado
ainda mais se tivesse dito que o homem tem mãos e pensa por um
mesmo motivo.
Não é difícil entender que desenvolvemos nossas mãos
com um polegar opositor porque estas foram uma ferramenta muito útil
para nossos genes. Com nossas mãos podemos segurar armas, fazer fogo,
preparar comida, desenvolver a escrita. Com ela podemos tanto arrancar
um forte galho de uma árvore como segurar um frágil ovo sem quebrá-lo.
Não é difícil olhar para a própria palma e, as luzes da lógica da seleção
natural, entender que ela é fruto de milhares de anos de evolução. Nossa
mão existe hoje porque teve sucesso o suficiente para continuar sobrevivendo.
Podemos dizer o mesmo de nossa razão. Os proto-humanos que desenvolveram
aos poucos capacidades cognitivas gradualmente sobrepujaram aqueles
que não tinham esta capacidade e assim legaram a sua descendência a
mesma capacidade.
A razão guarda sua origem no algoritmo genético da
mesma maneira que os sentimentos. Atrás de todo prazer, de toda a dor
e antes de toda razão há os genes moldados pelo processo natural de
eliminação dos ineptos e sobrevivência dos aptos para serem como são.
É graças a este algoritmo de seleção que os genes deram as diretrizes
necessárias para a formação da Razão e forneceram o hardware necessário
para sustentar uma infinidade de conceitos (memes) oriundos daí. Alguns
destes memes, de fato, acabaram por se desviar do imperativo genético
e iniciar seu próprio caminho evolucionário. A conseqüência disso, como
se poderia esperar é que a felicidade do organismo, que antes era uma
forma dos genes atingirem seus objetivos, deixa de ser prioridade na
medida em que a perpetuação genética também deixa. Entendendo isso
o Genismo aparece como a alternativa racional para harmonizar a
mente com o corpo, ou melhor, os memes com os genes para a
felicidade de seus próprios hospedeiros.
Antes mesmo de haver um pensamento claro e racional
os genes, tendo em vista seus próprios fins perpetuativos, já
puniam os organismos com sofrimentos e os recompensavam com prazeres.
O processo de buscar o prazeroso e afastar-se da dor tornou-se portanto
essencial para a sobrevivência de todo o ser sensível. Na maioria dos
animais não é necessária muita inteligência para seguir este pequeno
script, e o ser humano desenvolveu-se para aprimorar este processo pelo
processo da razão.
Assim como um cachorro o ser humano está equipado
com seus instintos básicos que lhe permitiram sucesso gene perpetuativo
por incontáveis gerações. E da mesma forma que o cachorro, como
mostra a escola comportamentalista o ser humano evoluiu de forma a ser
condicionado por suas próprias experiências. Repetindo experiências
prazerosas e Evitando repetir experiências dolorosas. No entanto,
de forma muito mais elaborada que um cão, o ser humano com sua razão
pode transcender o comportamento pavloviano. Com a razão um se humano
pode suportar experiências dolorosas com o fim claro de obter uma recompensa
futura que supere o sofrimento e da mesma forma pode abdicar de uma
experiência prazerosa se sabe que a longo prazo esta pode resultar em
mais dor.
Os proto-humanos que não prosseguiram desta forma,
ou falharam em ser racionais acumulavam menos probabilidades de sobrevivência
e perpetuação e por isso ou foram eliminados ou desenvolveram outras
formas de lidar com o problema ( como a força bruta). O pensamento humano
é, assim como seu polegar opositor, nada mais do que uma outra ferramenta
genética para atender aos fins naturais de sobrevivência. Nas palavras
brilhantes, mas cientificamente inexatas de Nietzsche “O corpo criou
o espírito como uma mão para sua vontade.” Ou em outras palavras,
a mente existe porque existe o corpo.
As conseqüências da existência de um ser pensante
são infinitas, mas a sua causa original só pode ser racionalmente compreendida
em termos de utilidade genética. Até que se apresente, portanto
uma resposta mais razoável esta dada acima deverá ser levada em conta
por aqueles que prezam pelo bom senso. A Razão existe porque existe
a possibilidade de Felicidade. Usar, portanto a razão como uma
ferramenta hedonica, para atingir o máximo de felicidade, não é somente
algo sensato, mas é também a própria função original do
pensamento.
Assim a razão é de certa forma, subordinada aos sentimentos
e os sentimentos subordinados aos genes. E é muito claro que isso
não quer dizer que devamos abandonar a razão e sermos guiados somente
pelos instintos. A existência da razão só prova o quanto ela pode ser
útil. Se os genes “arquitetaram” um ser pensante como o homem
é porque esta faculdade de pensar atende a seus próprios interesses.
Devemos reconhecer a razão pelo que ela de fato é; uma ferramenta útil
na potencialização da vida dos genes e da felicidade dos organismos.
Agir pela perpetuação dos genes resulta em prazer e o uso da razão
pode maximizar o prazer experimentado. Que o homem não regresse
então ao macaco, mas que transcenda a sua atual condição humana. Que
haja razão, mas que esta esteja subordinada a Felicidade.