Genismo e experimentos com embriões
Por: Jocax, 2003
Gostaria de analisar o
problema à luz do que eu chamei de "Etica Futura". A 'Etica
Futura' eh uma extensao da etica tradicional que enfatiza os aspectos
das acoes nao tomadas ( as omissoes ) sobre a felicidade do sistema.
Aplicando estes conceitos, como veremos a seguir , podemos perceber que
a preocupacao com o destino do embrião, ou do feto, *nao* eh apenas um
capricho de pessoas sem ter o que fazer.
Primeiro, gostaria de dizer
que o genismo abole completamente conceitos como de almas , deuses ,
anjos e demais seres metafisicos restringindo-os ao mesmo universo de
ficcao em que se encontram gasparzinho, chapeuzinho-vermelho e seus
congeneres. A unica forma genista valida para uma analise moral ou etica
de uma situacao deve ser atraves da Meta-Etica-Cientifica que eh uma
meta-etica utilitarista baseada no conceito genista de felicidade.
Constata-se q toda sociedade, atraves de suas leis e de sua moral, inibe
fortemente o crime de morte atraves de severas punicoes. Por que?
Baseando-me na felicidade, enumerei as principais razoes :
1- Inseguranca de vida
A vontade de viver eh um instinto e a ameaca a vida causa medo. Se
assassinatos nao fossem proibitivos a sociedade viveria numa constante
inseguranca e o medo imperaria. Portanto, a certeza de que nao se vai
ser facilmente assassinado diminui a inseguranca e aumenta a
felicidadde.
2- A Dor
Em geral a morte eh precedida de dor. Muitos , erroneamente, acreditam que
a maior problema de morrer eh o sofrimento , a dor causada por aquilo que
se faz perder a vida : Um grave ferimento , uma doenca fatal. Embora este
seja um fator para a diminuicao da felicidade, nao eh o mais grave. Na
verdade, a dor do momento da morte deve ser a parte menos significativa
do problema do morrer na felicidade do sistema.
3- A poda da felicidade dos que ficaram
Alem disso, havera tambem o sofrimento das pessoas, parentes ou nao, que
se relacionavam com o morto. E, dependendo da idade, e do vinculo
sentimental que existia, o sofrimento dos que ficaram pode ser bem maior
do que o sentido pelo falecido nos momentos que precederam sua morte.
4- A poda da Felicidade
A abreviacao da felicidade a ser sentida acredito ser , sem duvida, o fator
*mais importante* para a problematica da morte. O pior da morte nao eh a
dor de morrer mas sim a felicidade deixada de ser vivida qdo a morte a
interrompe abruptamente.
Para entender isso, vamos a
um exemplo ficticio :
Suponha que a felicidade media de um ser humano numa dada sociedade
seja de 1000 jx e que o tempo de vida medio , para simplificar, seja de
100 anos. Entao teriamos uma media de 10jx de felicidade por ano. Se a pessoa
tem sua vida interrompida, por exemplo, aos 50 anos entao ela deixaria
de viver e sentir metade da felicidade que normalmente viveria, de cerca
de 500jx !!
Feito estes esclarecimentos iniciais poderemos analisar o problema da morte
de embrioes em experiencias com celulas tronco:
1-Inseguranca de vida
Os embrioes humanos nao sabem
o que se passa no mundo externo e, portanto, nao podem sentir
inseguranca em relacao aa sua incipiente vida.
2-Dor
Como o embriano ainda nao
tem um sistema nervoso eles, em principio, tambem nao podem sentir dor
ao morrer.
3-A poda da felicidade dos que ficaram :
Como o microscopico embriao
de laboratorio nao possui vinculo sentimental com ninguem , sua morte
dificilmente
seria sentida por alguem e , mesmo que o fosse, como nao houve tempo para
criacao de vinculos afetivos, sua morte nao deveria causar muito
sofrimento.
4- A Poda da Felicidade.
Este eh o unico aspecto, e
extremamente relevante, da morte do embriao nas experiencias com
clonagem e celulas tronco. Evocando a etica futura poderiamos arguir que
o embriao tem um potencial de felicidade de cerca de
1000jx e que, eliminando-o, estariamos diminuindo a felicidade futura do
sistema do mesmo nivel de felicidade: o equivalente a um assassinato!
Entretanto este raciocinio encerra
um erro logico:
A experiencia nao seria feita
, e o embriao nao seria criado, se os cientistas, ou seus patrocinadores,
soubessem que haveria um julgamento etico, ou civil, sobre o produto de
suas experiencias ! Ninguem em sã consciencia participaria de projetos
com embrioes se, no fim, resultassem em processos por assassinato. O projeto
nunca sairia do papel !
Entao, o motivo dos embrioes existirem nestas experiencias sao porque eles
podem auxiliar a ciencia a melhorar a
felicidade do ser humano e , alem disso, e de forma implicita, nao
gerariam problemas de ordem legal ou etica para os envolvidos uma vez que
a felicidade do sistema nao diminui com a morte dos mesmos.
Eh importante observar que eu nao realcei a grande importancia para a
felicidade do sistema ( sociedade ) se a producao de celulas tronco fossem
efetivas na cura da paralisia ou do mal de parkinson entre outras. Provavelmente,
apenas estes beneficios seriam *suficientes* para justificar os
experimentos *mesmo* que houvesse alguma perda de felicidade durante a
realizacao dos mesmos.