A Consciência Genética
Por: Robert Anton Wilson
O sistema nervoso central, incluindo o cérebro, assim como todo o resto
do corpo foi projetado pelo código interno da molécula de DNA após
milhares e milhares de anos de evolução e seleção natural. Esta
mesma molécula é a que hoje envia sinais através do RNA mensageiro
para informar ao organismo o que este deve fazer: Cresça cabelos
ruivos, tenha olhos azuis, fique de pé e comece a andar, comece a
falar, encontre um companheiro, tenha um filho. A nossa vida inteira já
esta determinada no interior desta nossa fita de acido desribonucleico
Esses arquivos de DNA sempre ficaram acessíveis á perscruta cerebral
consciente, mesmo séculos e séculos antes de Darwin, Mendel, Crick e
Watson. Enquanto estávamos despertos a consciência genética sempre
esteve acessíveis na forma dos arquétipos do inconsciente coletivo em
mitos e metáforas da cultura humana de diferentes povos. Enquanto estávamos
dormimos esta mesma consciência buscava um contato mais pessoal conosco
por meio de sinais interiores traduzidos dentro de nossos próprios
sonhos. Desesperadamente os genes pareciam querer se comunicar.
Quando esta integração genética é feita consciente, mente o
individuo atinge o que ouso chamar de consciência genética. Por
milhares de anos este estado resultou em místicos, poucos e sábios,
mas recentemente isso parece estar se tornando algo cada vez mais
organizado. Esta consciência que ultrapassada os limites do individuo,
recebeu diversos nomes em diferentes períodos da história, mas quase
todos que dela provaram se referiam a um estado de iluminação, da luz
do mundo, de despertar ou de uma nova consciência.
Os primeiros a alcançarem a consciência genética, há alguns milhares
de anos, interpretavam como podiam suas experiências, falavam de vidas
passadas, anjos, duendes, reencarnações, deuses e imortalidade,
retorno dos mortos, etc. Que esses antigos adeptos genéticos estavam
falando de algo real, na melhor das linguagens à disposição em suas
épocas, é indicado pelo fato de que muitos deles, especialmente os
Hindus e os Sufis, forneceram visões poéticas maravilhosamente
corretas da evolução, milênios antes de Darwin e previram a busca da
superação da condição humana muito antes das obras de Nietzsche.
Os Gregos chamaram a consciência genética de "a visão de Pã".
Os Chineses de o grande "Tao", os Hindus de "Consciência
de Atman", traduções que ainda hoje geram no mínimo um silêncio
respeitoso pelo mais convicto dos céticos. As figuras numinosas que
inspiram espanto e respeito, aquelas figuras de um "Deus
Sublime" ou de "Deusas ou Demônios" que aparecem nos estágios
iniciais dessa tomada de consciência, correspondem aos arquétipos de
Jung do inconsciente coletivo, e são reconhecidos como os
"visitantes do mundo dos sonhos", pelos primitivos ou "os
Sidde" pelas bruxas, assim como o "Povo Estranho" em
centenas de tradições populares.
Jung mostrou que todos estes arquétipos não são oriundas de mundos
exteriores, espirituais e metafísicos, mas sim frutos de uma redução
mínima para a qual retorna todo o organismo incluindo o ser humano e
sua mente racional e criativa. Os Deuses não eram algo posterior ao
mundo, mas algo anterior ao corpo e ainda presente nele. Conhece a ti
mesmo e conhecerás o teu Senhor ensinou o Islamismo, enquanto a tradição
cristã apregoava "O Reino dos Céus está dentro de Você"..
A consciência genética surge exatamente quando o sistema nervoso
central torna-se consciente de sua ligação com os genes.
Gurdjieff denomina esta conexão entre o SNCe o DNA como Centro
Emocional Superior, o inconsciente filogenético do Dr. Stanislaus Grof
e a "Hipótese Gaia" dos biólogos Margulis e Lovelock são três
metáforas modernas que juntamente com o Inconsciente coletivo de Jung
buscam explicar esta maneira de pensar. As visões da evolução passada
e futura, descritas por aqueles que tiveram experiências transpessoais
durante o trauma da morte clínica, das ditas experiências "próximas
da morte" também descrevem de certa forma este paradigma genético.
No entanto exercícios especiais para desencadear o despertar do ser
humano como um aglomerado de genes não são encontrados no ensinamento
iogue: geralmente tal experiência meramente acontece , quando acontece,
depois de muitos anos de prática esmerada daqueles tipos avançados de
raja ioga, que desenvolvem o êxtase somático. Estudos do Timoth Leary
Phd demonstram que altas doses de LSD também desencadeiam visões da
consciência genéticas, ainda que temporárias.
De qualquer forma após milênios
de tentativas de contato por parte dos genes somente com a ciência
contemporânea esta realidade foi melhor compreendida, como sendo
arquivos genéticos ativados pela excitação das proteínas
anti-histonas – ou em termos forçosamente metafóricos, a "memória"
do DNA se desvelando de volta até o início da vida, contendo também
as plantas genéticas para possíveis evoluções futuras.
"Eu sou Ele, que foi,
que é, e que será" uma sentença do Livro Egípcio dos mortos,
tanto na forma hieroglífica como na caligrafia ocidental foi encontrada
na mesa onde de Beethoven compôs a Nona Sinfonia, e toda a música
posterior "evolucionárias", abrangendo períodos de tempo da
ordem de eras . Vale lembrar que Beethoven era um Maçon Livre adorava o
único Arquiteto Cósmico e seu objetivo a imortalidade. Pode-se julgar
disto tudo e da sua própria música que Beethoven havia aberto sua
consciência genética.
Aqui habitam os arquétipos
primordiais, muito mais antigos que a própria linguagem e ainda assim,
mais novos que o amanhã. São todos personificações dos genes como a
grande Mãe celta, o Baphomet dos templários, "O Grande Arquiteto
Cósmico" da maçonaria ou o Bebê no Ovo azul no final do filem de
Stanley Kubrick, 2001. Essas imagens não são delírios poéticos de
povos ou de indivíduos. Elas reaparecem nos sonhos dos indivíduos ( o
mito pessoal da noite) e nos mitos de todos os povos ( sonhos impessoais
das espécies) e, uma vez e sempre nas estórias de anjos e Ufos. Jesus
e Cristo, Sidarta e Budha, O Ser Humano e a Entidade Planetária; em
outras palavras O Sistema Nervoso e o DNA.
Joyce em o Desperar de
Fennegan explica a lógica do consciência genético assim: "Esses
anos e terras nossos, nada mais são que poeira de tijolos. Somos
humanos e humus da mesma massa e retorno. No limiar do pão nosso de
cada dia jaz o cadáver da colheita de nosso pai fecundo que cairá se
preciso mais inadvertidamente se reerguerá.".
Nosso pai fecundo, a semente
o código genético, e o ovo, a sabedoria celular manda o sinal ao longo
das épocas. Numa metáfora semelhante o geneticista ganhador do Prêmio
Nobel, Herbert Muller diz: "Todos somos robôs gigantes
manufaturados pelo DNA para produzir mais DNA." Para o individuo as
quebras da cadeia de vida/morte/vida/morte são extremamente reais e
dolorosas: para a sabedoria do Pai Semente. A unidade contínuo da
vida/morte/vida morte... é uma realidade maior.
Este estado permite ao cérebro
individual "conversar" com o arquiteto evolucionário que
projetou o seu corpo e – com bilhões e bilhões de outras pessoas,
desde o início da vida. Esta "arquiteta"é a maior projetista
sobre este planeta como Buck Fuller comentou repetidamente nenhum
projetista humano já se igualou a sua eficiência ou mesmo em sua estética
em produtos rotineiros como rosas, ovos, colônias de insetos, peixes,
etc...
De forma menos poética,
seja ao humanizarmos este arquiteto numa Grande Mãe ou num Deus das
Florestas. Ou animalizarmos num ser com cabeça de chacal, como um Louca
deus Divino, como uma tribo africana. Ou ainda se o espiritualizarmos em
algo totalmente abstrato como os Hindus e os Cientistas Cristãos ,
estamos apresentando apenas uma visão humanizada deste ser de três
bilhões de anos de idade. Quando o molecularizamos como DNA, estamos
ainda vendo apenas uma seção transversal do mesmo, mas fazemos isso
simplesmente porque esta é até agora a sua versão mais útil em
termos de análise científica.
Ele ou Ela pode ser
personificado em termos modernos como Mãe DNA ou Pai Acido Nucléico. O
Racionalista imediatamente repudia tais personificações humanizadas,
uma vez que Ele ou Ela é inconsciente do que faz é um fenômeno não
inteligente. A resposta em todas as eras é a de que Ele ou Ela não está
inconsciente mas sim intoxicado em si próprio, embriagado em sua própria
imensidão.
Mas se julgarmos a inteligência
pela capacidade de sobreviver, o pool genético é mais inteligente do
que qualquer pessoa, por um fator de vários milhares, mesmo se
considerarmos os gênios. Einstein não era tão inteligente quanto o
povo judeu quando este é considerado de forma coletiva. Ele formulou a
lei da relatividade e foi esperto o suficiente para escapar dos
Nazistas. Os Judeus historicamente criaram dezenas de idéias tão
importantes quanto a relatividade e sobreviveram a centenas de
"progons".
A espécie humana é ainda
mais inteligente do que pool genético. Vive milhões de anos a mais do
que qualquer individuo, muitos milhares de vezes mais do que qualquer
pool genético e é autora de muito mais arte, ciência, filosofia e
conquistas do que qualquer outro grupo especifico. A biosfera – Gaia
– O código do DNA é ainda mais inteligente do que todos os indivíduos,
pools genéticos e espécies. Sobreviveu
a tudo que lhe foi atirado contra ela por cerca de quatro bilhões de
anos e está ficando cada vez mais esperta o tempo todo. Pela humanidade
dispõe de um olho cada vez melhor com que ver e julgar sua trajetória,
como nunca antes e está se preparando gradualmente para abandonar esse
planeta e expandir-se pelo universo.
Beethoven , para cita-lo
mais uma vez disse: "Qualquer pessoa que compreenda minha música não
mais será infeliz.", Isto acontece porque a sua música é uma
melodia da consciência genética da mesma forma que os Upanishads são
uma poesia da consciência genética, representa o espírito da Vida
tornando-se consciente de Si mesmo, dos Seus poderes, das suas próprias
capacidades para progresso infinito.
Para aqueles que ainda não
passaram pela experiência genética por meios pessoais e religiosos
espera-se que com o decorrer dos anos uma compreensão maior da natureza
nos forneça os subsídios para ligarmos essa consciência através da
própria razão e da ciência. Quando isso acontecer a visão religiosa
será esclarecida pelo que realmente é e todos os deuses e mitos da
antiguidade retornaram como velhos amigos do tempo de infância
revelando-se agora sob seus verdadeiros nomes.
Seja como for a maneira como
isso aconterá, estaparece uma hipotese cada vez mais próxima com o
passar dos anos. A religião cada vez mais se curva para a ciência e a
ciência a cada instante parece se tornar tão fascinante quando
qualquer misticismo. Qualquer que seja o nome dado a este movimento que
trará a consciência genética para as grandes massas com ele virá à
compreensão em grande escala do papel da humanidade como parte um todo
muito maior. A raça humana terá então abandonado sua infância e
estará livre para expandir-se e crescer com seus genes para as
fronteiras mais distantes do espaço infinito. Quando isso acontecer,
então a aventura da vida terá finalmente começado e todo adulto será
um Cristo e toda criança será um messias.
EXERCICIOS
1 - Faça uma lista e pelo menos 15 semelhanças entre São Paulo (ou
qualquer outra cidade grande) e uma colônia de insetos, tal como uma
colméia ou um formigueiro. Se você não puder pensar em quinze
alternativas, procure ler o livro Sociobiologia de Edward Wilson.
Contemple a informação do DNA, que criou estes enclaves de alta coerência
e organização, seja na sociedade dos primatas ou dos insetos.
2 – Leia os Upashads e todas as vezes que ler a palavra
"Atman" ou "Alma do Mundo" traduza como "Fita
Mestre do DNA" Veja se isto lhe faz ler esta tradição antiga com
maior sentido.
3 – Observe seus próprios sonhos, quanto se seu conteúdo poderia ser
atribuído a mensagens de seu próprio código genético quanto a
incongruências de seu próprio comportamento cotidiano em relação a
vontade deste "Pai Fecundo".
4 – Jung e vários dos seus discípulos como Coleman, Steiger e
Fideler, sugeriram que da mesma forma que as mitologias clássicas, os
mitos modernos dos UFOS são mensagens deste circuito de DNA coletivo
dirigidas ao cérebro. O que significam tais mensagens? O que é que o
filamento de DNA poderia estar querendo dizer a humanidade?
5 – Releia o encontro de
Moisés com o "Eu Sou o que Sou" no deuteronômio. Tente ler
com a interpretação de que Moises estava falando com seu própria
consciência genética. Quais os interesses da sarsa ardente em relação
ao povo hebreu?