Os Perigos de um Sistema Genista Prematuro
Por: Thiago Tamosauskas, julho
2003
Tenho acompanhado com desconfiança pequenas discussões genistas sobre
a formulação de um sistema sócio econômico baseado na
Meta-Etica-Cientifica, ou melhor no Genismo em si. Não vejo nada de
errado em imaginar e projetar um mundo onde a Felicidade é o fim maior,
mas enxergo sim alguns problemas que tentarei expressar neste pequeno
artigo.
A primeira pauta levantada é de que se o sistema genista deve seguir o
modelo capitalista ou o modelo socialista, mas não é lembrado que o
conflito entre estes dois sistemas vai muito além do mero campo ideológico.
O problema fundamental não é de opinião, é matemático. O
Capitalismo é movido pela Eficiência, que nada mais significa receber
o máximo pela produção de recursos. O Socialismo é movido pela
Equidade que é a distribuição da prosperidade econômica de forma
igualitária. Sabemos que na pratica o Capitalismo não é assim tão
eficiente, nem o socialismo tão igualitário, mas estes conceitos são
inerentes a cada um destes sistemas econômicos e mostram o principal
ponto de choque entre eles.
Em outras palavras Eficiência é o tamanho do bolo e equidade é a
forma como estas fatias são distribuídas. Quando o governo de alguma
forma distribui o dinheiro dos ricos para os pobres, distribui melhor a
riqueza, mas reduz a recompensa pelo esforço do trabalho, em conseqüência
as pessoas trabalham menos e produzem menos bens e serviços. Quando o
governo corta o bolo em fatias mais iguais ele diminui o tamanho do bolo
seguinte. E o padrão de vida de um sistema depende justamente de sua
capacidade de produzir bens e serviços.
E este é somente um dos problemas que encontraremos ao tentar modular
um sistema. Os Genistas devem se lembrar sempre da história para não
cometerem o mesmo erro do passado, mas não é por isso que precisamos
nos manter fixados aos mesmos paradigmas que levaram a tais erros.
Quando se fala de economia, só podemos ter uma única certeza: Tudo é
mais complicado do que parece.
Pessoalmente não acho que cabe a nós criar um sistema sócio econômico
genista. Podemos enviar nossas sugestões para o futuro, lançar idéias
bem intencionadas para os que nos seguirão, e indicar caminhos para os
genistas do futuro, mas ainda é muito cedo para que qualquer coisa
nesta área se cristalize ou se torne oficial. Mais importante do que
isso é vivermos hoje o genismo em nossas próprias vidas.
O principal problema que encontramos
ao tentar definir um sistema genista hoje em dia é que a humanidade
sempre foi incrivelmente multifacetada, fatos históricos estão sempre
remodelando nossa sociedade. Diferentes sistemas políticos podem ser a
melhor solução para diferentes contextos sociais. Assim, uma ditadura
militar, por exemplo, é incompreensível para uma tribo neolítica, e
um kibutz é inviável para uma população grande e caótica como a de
São Paulo. Da mesma forma um califado atendia as necessidades da arábia
do século VII, mas será totalmente ridícula para o Brasil do Século
XXV.
Além disso, se o genismo definir um sistema agora estará correndo o
risco de colocara carroça na frente dos burros. Ou seja, se arriscará
a criar um projeto de Ditadura da Felicidade, que já estará fadado ao
fracasso antes mesmo de sair do berço. Não é o estado que deve moldar
o individuo, mas os indivíduos que devem moldar o estado. Mais útil do
que definir um sistema para mudar o comportamento das pessoas é
trabalhar primeiro com as pessoas para que elas mesmas busquem então o
sistema que leve a mais felicidade para todos.
Não estou dizendo que os genistas devem ser analfabetos políticos
ignorantes quanto a realidade socio economica em que vivem. Cada um deve
agir de sua melhor forma, mas não se deve comprometer o genismo todo
com esta ou aquela visão política de mundo. Não é hora de
levar a Economia para o Genismo, mas sim de levar o Genismo para os
Economistas. Estes então estarão mais aptos do que nós para fazer as
mudanças necessárias, assim como cada novo membro poderá fazer as
mudanças necessarias no seu escopo de trabalho. No lugar de criar uma
musica Genista, levemos o Genismo para os músicos. No lugar de criar um
esporte Genista levemos o Genismo aos esportistas e então quando menos
percebermos teremos esportes elevados aos mais altos fins e a mais bela
musica estará tocando pelos ares. A Humanidade terá se transformado
para melhor, não porque propomos um sistema político eficaz, mas
simplesmente porque era a coisa mais lógica a se fazer.
Será muito melhor para a Humanidade se neste primeiro momento, os
Genistas se preocuparem mais em esclarecer ao mundo este novo paradigma.
Demorou quase quatro séculos para o cristianismo sair das catacumbas e
ir para a cabeça do Imperador de Roma, seria uma atitude sabia se
fossemos tanto ou mais prudentes. Quando o Genismo estiver claro na
mente da maioria das pessoas não será necessário reformular o Estado
forçosamente, ele naturalmente será remodelado pelas pessoas que
estiverem nele, pois elas terão aprendido como viver naturalmente e
multiplicar Felicidade seguindo seus genes. E este é o nosso objetivo
maior.