Felicidade ou Genes?

Por: Jocax, junho 2003

Estive pensando sobre o problema do possivel conflito entre felicidade e genes e , para estudar o assunto com mais profundidade, estive tentando analisar uns exemplos....

Antes, vamos rever o problema.

No ultimo passo evolutivo do genismo foi estabecido , como um dos pilares do genismo que "Nós somos nossos genes" . Por outro lado , a meta primeira e ultima do genismo eh a felicidade. Contudo a felicidade eh sentida pelo cerebro que , sob este ponto de vista do genismo, nada mais eh que um apendice dos genes. Surge entao uma questao natural :

Sob o ponto de vista genista, se tivessemos que escolher entre a felicidade e os genes, que escolha deveria ser feita ?

Eh uma pergunta intrigantes e, se nao for respondidas convenientemente, pode revelar uma contradicao interna nas bases do genismo !!

Devemos perceber que o prazer e a felicidade estao intrinsecamente relacionados com os genes. Nossa capacidade de sentir prazer ( ou dor) , ou melhor , os ambientes que nos fazem sentir prazer (ou dor), e que vao influenciar nossas acoes para o prazer e a felicidade, estao diretamente relacionado com a vantagem evolutiva
que estes ambientes, ou nossas reacoes a eles, nos proporcionavam em nosso passado evolutivo.

Assim , por exemplo , se doce eh agradavel ao nosso paladar entao eh sinal que ele desempenhou um papel positivo na nossa perpetuacao genetica. Numa passado que precisavamos batalhar duramente para manter nossas reservas caloricas em um nivel satisfatorio, alimentos que continham acucar poderiam nos suprir com altas doses
de energia e, portanto, deveriam ser percebidos por nohs ( via genes ) como algo prazeroso.

Por esta razao, hoje, gostamos de doce.Outro exemplo, se uma cobra pode nos ferir mortalmente entao a tendencia a termos medo de cobra devera ser algo quase instintivo. Foi provado que isso acontece. Criancas aprendem facilmente a temer uma cobra , mesmo que nunca a tenham visto, mas NAO aprendem a temer um outro animal , que seja docil, com a mesma rapidez.

Estes, e uma miriade enorme de exemplos deste tipo, mostram que a felicidade eh conseguida qdo faz bems aos genes e vice-versa. E este eh um dos pilares do genismo : "A felicidade eh trilhar o caminho da perpetuacao genetica" .

Mas voltemos ao nosso problema : precisamos encontrar e analisar exemplos em que a felicidade e os genes apontam em direcoes opostas !! E eh dificil encontra-los sem uma boa dose de imaginacao.

Um dos casos desta contradicao eh o da Matrix ou algo parecido: Se houvesse uma maquina que pudesse nos dar prazer maximo, ateh o fim de nossas vidas, deveriamos entrar nela ?Ao entrarmos nesta maquina hipotetica nao poderiamos, em principio, batalhar para perpetuarmos nossos genes. Ficariamos , por exemplo, deitados com eletrodos no cerebro sentindo toda gama de prazer que poderiamos sentir. Seria , individualmente , a felicidade plena o paraiso. Nota-se claramente que nesta situacao nao poderiamos perpetuar nossos genes mas poderiamos sentir o maximo de prazer. Temos um conflito gene x felicidade.

Pergunta : Vc entraria na maquina ?

Pq *nao* respondemos direta e prontamente: SIM! ??

Pq tem algo de errado ! Instintivamente percebemos que embora sejamos felizes ao maximo dentro desta Matrix nossos genes pereceriam !

Mesmo sabendo que a maquina , logo que nos conectassemos a ela, imediatamente nos enganaria para que sentissemos ( ja 'dentro' dela ) que nao fizemos esta escolha 'covarde', ainda assim hesitariamos em entrar ou mesmo nao entrariamos.Isso pq sabemos instintivamente que esta Matrix iria contra nosso proposito gene-perpetuativo !!

Poderiamos nao ser tao felizes na Matrix qto no mundo real mas saberiamos que nossos genes estao Aqui e nao LA. Se vc escolheu ficar fora da Matrix entao vc privilegiou os genes em detrimento da felicidade. Se escolheu entrar nela fez o oposto.

Eh interessante notar que costumamos privilegiar nossos genes pq isto nos da um grau de prazer e felicidade mesmo que soframos fisicamente com isso. Qdo os pais batalham arduamente para poder pagar a faculdade do filho , por exemplo , eh sinal que estamos privilegiando o prazer da imortalidade genetica aos prazeres mais "futeis", em que o dinheiro pudesse ser convertido em prazer imediato, mas comprometendo o futuro dos filhos ( genes ) .

Por outro lado, se pudessemos , por exemplo via engenharia genetica, converter alguns genes de forma que ficassemos imunes a todas as doencas mas, cujo efeito colateral, fosse a perda de nossa capacidade de sentir, entao, deveriamos proceder aa alteracao genetica? Certamente que nao. Mesmo que nossos genes adquirissem uma capacidade incrivel de adaptacao e poder perpetuativo de nada valeriam se nao pudessemos
sentir pois, sem sentir, nao poderia haver felicidade. Seriamos talvez como automatos. Aqui a felicidade ganha em detrimento dos genes.

E como ficamos entao?

Via de regra , qdo ocorrer conflitos desta natureza, devemos recorrer a Meta-Etica-Cientifica que faz o computo da felicidade pelo maximo de tempo possivel, e considerando-se a maior qtidade de seres sencientes possiveis

E como ficaria o problema da 'Matrix' se apelassemos aa meta-Etica? Se todos entrassem na 'Matrix' nao haveria evolucao ( selecao natural ) e cedo ou tarde a vida humana se extinguiria e isso implica em felicidade = zero para
a raca humana. E portanto nao seria correto.

Mas se fosse permitido , como numa loteria, apenas a alguns poucos a possibilidade de entrar entao a humanidade nao corrertia riscos e a pergunta poderia ser refeita : Vc entraria neste paraiso virtual ?


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