Em defesa dos Fundamentalistas
João Carlos Holland de Barcellos , Setembro 2004


Fundamentalista é o termo utilizado para qualificar um religioso ortodoxo ou um crente radical, todo aquele que acredita e segue muito fielmente suas crenças. Muitos destes ortodoxos chegam até mesmo a vestirem-se de forma bastante discrepante dos demais, como uma forma de mostrar, com orgulho, através de suas vestes exóticas como chapéus, barbas e mantos aquilo que acreditam e seguem.

Estas palavras não são para defender suas idéias, mas sim defender a postura com que eles próprios às defendem: são combativos na luta por seus ideais e, principalmente, agem de acordo com suas crenças e ideologias, mesmo que em desacordo com a opinião da maioria ou com a corrente ideológica da moda. São chamados de fundamentalistas quase sempre em tom pejorativo, como se a coerência entre o crer e o agir representasse um mal moral e que devesse ser evitado.

Eu respeito mais os fundamentalistas que os “meio-a-meio” - aqueles que dizem ter uma crença, mas não a seguem - que pensam e agem dubiamente em relação à sua alegada fé. Os fundamentalistas, sem entrar no mérito de suas crenças, são autênticos. Os “meio-a-meio” são contraditórios, dizem acreditar numa coisa e praticam outra. Utilizam dois pesos e duas medidas conforme suas necessidades psicológicas. Por exemplo, os “meio-a-meio” católicos, que são maioria no Brasil, quando estão em apuros suplicam e rezam a Deus, mas quando a tormenta passa, violam, despudoradamente, sem nenhum remorso, a quase totalidade dos mandamentos da religião que dizem acreditar. Na maior parte do tempo, agem como se seu Deus jamais tivesse existido. Por que então não assumem de uma vez que são ateus ou agnósticos ou, pelo menos, que tem sua própria religião, ou não tem religião?

Quando começaram os ataques suicidas no oriente médio, através dos famosos “Homens-Bomba” , como ficaram conhecidos, houve um reboliço mundial geral: “Como podem fazer isso? Como podem acreditar que irão ao paraíso e receberão, como prêmio, sei-lá-quantas virgens” diziam. Mas não tinham moral para tais acusações. Quantas vezes rezaram e pediram a Deus por este ou aquele favor em troca de preces ou promessas? Tal crença de que Deus os ajudariam se rezassem com fé e tudo mais é tão inverossímil quanto a dos homens-bomba que criam que suas almas iriam ao paraíso se agissem conforme sua fé e explodissem seus corpos para combater os “infiéis”.

As pessoas que se dizem religiosas deveriam perceber que se elas realmente acreditassem no que dizem suas religiões, o prejuízo por não seguirem-nas à risca, seria incalculável. Tomemos, por exemplo, a religião católica. Neste conjunto de crenças haveria o paraíso, um lugar infinitamente melhor que aqui, no qual, dependendo do comportamento no mundo terreno, se poderia passar toda a eternidade. E isso é algo realmente espantoso! O que representaria nossa vida aqui na Terra de 80 ou 100 anos em relação a toda eternidade? Nada. Nadinha mesmo. Então, se realmente agissem com coerência e lógica, deveriam seguir à risca seus preceitos religiosos, exatamente como procuram fazer os ditos fundamentalistas, e não condená-los por seus comportamentos, já que a vida aqui na Terra seria insignificante diante do infinito que os aguarda.

Assim, os que acusam os fundamentalistas de loucos e obcecados por suas crenças deveriam reavaliar as suas, e então agirem de acordo com elas, pois eles, os ditos “radicais xiitas”, estão corretíssimos. Doutro modo deveriam desvencilharem-se de uma vez delas, como fazem os ateus, e ter moral para poder combater os ideais religiosos e seus modus operandi.

 

home : : voltar