Eleições,
Ratos e Felicidade
Por: Joao Carlos Holland de Barcellos
ago/2002
Ha uns 4 , talvez 8 anos, estavamos , como agora, em uma epoca de
eleicao para governador do Estado. Eu votava, como sempre, na esquerda, que eram, a meu ver, os partidos
mais nacionalistas.
Ser nacionalista, defender os interesses nacionais, eh "genisticamente" compativel ja que a maioria de nossos descendentes
e de nossos parentes tem maior probabilidade de estar em territorio nacional. Assim, ser nacionalista eh um modo de defender
os proprios genes.
Naquela epoca, numa conversa de corredor, perguntei aa minha orientadora de mestrado
em quem ela votaria, e ela, precavidamente talvez, disse q ainda nao sabia. Como eleitor da esquerda eu tinha um problema a resolver e
expus o problema a ela :
Os partidos de esquerda costumam privilegiar, *ao menos em campanha*, os mais pobres , as pessoas mais carentes, e uma das nobres metas
destes partidos costuma ser politicas para aumentar a oferta de alimentos
tornando-os mais baratos e abundantes.
Eh uma meta nobre pois a fome eh uma das piores desgracas de nossa
sociedade. Por outro lado, os partidos mais aa direita, centram seus esforcos
em conquistar os votos da classe media e alta acenando, por exemplo, com obras para quem tem carros e/ou investindo pesado na seguranca
da classe media.
Disse a ela que o voto deveria ser dado ao candidato que promovesse maior felicidade para cada $1,00 gasto e
que, em geral, este voto deveria ser dado ao partido que centrasse esforcos na diminuicao da situacao de fome que
passa a "base da piramide social", pois o dinheiro gasto em um viaduto, por exemplo, seria suficiente para tirar da
penuria muito mais gente das camadas menos favorecidas do que os poucos que seriam
beneficiados com a obra.
Entretanto havia um problema logico nesse raciocinio que eu ainda
nao tinha resolvido e simplifiquei a situacao contando-lhe sobre o problema dos ratos :
"Imagine uma certa quantidade fixa de alimento, por exemplo 10kg,
que eh dado todo mes para uma colonia ratos. A colonia vai crescer nauramente ate atingir um tamanho e se estabilizar nele.
A populacao da colonia final vai depender da oferta da taxa de alimento mensal. Se passassemos de 10Kg/mes para 15Kg/mes, por exemplo,
a colonia de ratos iria crescer de 100 para, por exemplo 200 ratos. Como eh suposto que os ratos nao tomam pilulas
anticoncepcionais entao o controle de natalidade seria feito da pior forma que
sempre foi : Pela fome. Assim, uma fracao da populacao de ratos que nasce vai morrer de fome.
Suponhamos que dos 100 ratos sustentados por 10kg de alimentos por mes 10% deles morram de fome por mes.
Se aumentarmos a quantidade de alimentos para 20Kg/mes a colonia aumentara ateh q o controle populacional, via fome, se faca
valer e teremos novamente os 10% de ratos/mes morrendo de fome.
Mas se antes tinhamos 10% de 100 = 10 ratos/mes morrendo de fome
agora , qdo duplicamos a oferta de alimentos teremos 10% de 200 ratos = 20 ratos /mes morrendo de fome.
Dobramos o numero mensal de ratos morrendo de fome! Portanto parece que chegamos num paradoxo : Quanto maior a oferta
de alimentos mais sofrimento causamos aa colonia de ratos !!! "
Sera entao que isso justificaria o voto + aa direita ? Claro que humanos nao sao ratos mas a analogia poderia ser
talvez aplicada igualmente. Fiquei com este angustiante paradoxo por alguns dias qdo,
felizmente, surgiu-me a solucao e meu voto entao ja poderia ser dado sem medos ou receios:
Voltemos aa colonia original de ratos. Dos supostos 10% que morrem de fome temos 90% que nao morrem ( 90% 100 = 90 ).
Se cada um dos que tem alimentos contribue com X para a felicidade do grupo e os que morrem de fome contribuem com -Y,
entao a felicidade do grupo sera de :
Felicidade(100) = 90X - 10Y
Se esta felicidade total eh positiva entao, ao duplicarmos a qtdade de alimentos, e a colonia se estabilizar em 200 ratos,
teremos a felicidade do novo grupo como :
Felicidade(200) = 180X - 20Y = 2 x Felicidade(100)
Ou seja, ao duplicarmos a oferta de alimentos tambem duplicamos a felicidade total.
Claro que os dados sao hipoteticos e, mesmo para os ratos, a situacao foi extremamente simplificada.
mas isso ilustra a ideia basica de como usar a formula da felicidade para decidir o voto.