O Genismo e o Comportamento Interpessoal
Por: Thiago Garcia Tamosauskas, junho 2003

O sexto pilar do Genismo propõe: “Você deve respeitar os genes dos outros para que os outros respeitem os seus.".

 Antes de ser uma simples releitura da máxima “Ame ao próximo como a ti mesmo” o pilar acima traz uma visão muito mais utilitarista do Comportamento Interpessoal. Parece-me  sensato que a aplicação desta proposta deva ser fruto de uma analise bem apurada, pois senão for tratada corretamente poderá levar organismo e toda a comunidade em que ele esta imerso a sofrerem alguns perigos desnecessários.  Cuidado deve ser tomado para que a formula acima não resulte em um mal ainda maior para todos. Foi este preocupação que me motivou a escrever este artigo.

 

Perceba que o sexto pilar admite que naturalmente as pessoas vão se opor a qualquer coisa que ameace seus genes.  Nada poderia ser mais natural. Nós enquanto selecionados pelo algoritmo da evolução para sermos máquinas perpetuadoras de genes, fomos gradualmente adquirindo esta característica fundamental. A eliminação do elemento ameaçador mostrou-se muito mais eficaz do que a simples proteção dos próprios genes ameaçados, afinal isto eliminaria as ameaças futuras e não somente resolveria o problema daquele momento.

 

 Os organismos que não se opunham, ou seja que permitiam livremente o desrespeito aos seus próprios genes, foram logicamente eliminados. Enquanto que do contrário, os organismos que respondiam as agressões tiveram logicamente mais sucesso em sobreviver e passar estas características para as outras gerações. Desta forma o sexto pilar do Genismo, repousa sobre um principio mais fundamental ainda:

 

“Os organismos evoluíram para desrespeitar aqueles que desrespeitam seus genes.”

 

Este é o comportamento natural. Mas além dele temos um outro principio que se esconde por trás deste pilar do Genismo. Os organismos que tiveram sucesso no processo evolucionário, não somente se opunham ao desrespeito dos próprios genes como também naturalmente se colocaram a favor daqueles que os respeitam. Organismos que respeitaram aqueles que respeitaram seus genes continuaram sendo respeitados. Já organismos que por qualquer motivo tenham desrespeitado aqueles que respeitaram seus genes foram sendo eliminados exatamente pelo primeiro principio exposto acima. Não é preciso muito raciocino para perceber que “colaborar com que colabora comigo” é um estimulo egoísta que atende diretamente os “interesses dos próprios genes”.  Assim o outro principio implícito no sexto pilar é:

 

“Os organismos evoluíram para respeitar aqueles que respeitam seus genes.”

 

Tendo sido tudo isso examinado. O Genismo, enquanto uma filosofia que conduz o organismo a valorizar seus genes e sua perpetuação na busca da Felicidade estimula portanto o comportamento mais racional que pode haver em se tratando de atingir estes objetivos. Devemos respeitar os genes alheios para que o nossos sejam respeitado. Como foi visto este postulado nada mais é do que uma conclusão lógica oriunda dos princípios acima expostos.

 

Infelizmente, as vezes para agir em busca do maior índice de Felicidade, motivado pela Meta-Etica-Científica, o organismo terá que quebrar o sexto pilar e inclusive desrespeitar os genes alheios. Isto pode acontecer em situações de autodefesa ou de defesa da maioria.   Se um assassino coloca em risco os genes de sua família, não se deveria, por exemplo refrear-se em eliminar o perigo da maneira o mais racional e eficiente possível. Por um lado isso seria de fato desrespeitar os genes do assassino, mas seria um ato benéfico para os genes seus e de seus filhos, e de fato eliminaria um perigo imenso para toda a comunidade próxima.

 

Outro exemplo pode ser o da esterilização de estupradores. Tal ato, seria um obvio desrespeito aos genes do próprio estuprador, mas seria benéfico para o restante da sociedade, e para os genes  desta que não correriam mais risco de terem suas mulheres violadas por estranhos.

 

Lembremos também que principalmente por ser uma filosofia Atéia, o Genismo advoga justiça terrena e humana. Os males feitos aos nossos genes não devem ser recebidos com condolência, mas reprimidos com força eficaz. Esperar inutilmente que haja qualquer tipo de justiça metafísica, como é proposto por uma infinidade de religiões espirituais, seria um absurdo que só colaboraria para a decadência dos interesses genéticos e para drástica diminuição do Nível Geral de Felicidade.

 

Não custa repetir os dois princípios fundamentas do comportamento interpessoal:

 

1 - “Os organismos evoluíram para desrespeitar aqueles que desrespeitam seus genes.”

2 - “Os organismos evoluíram para respeitar aqueles que respeitam seus genes.”

 

Os organismos perpetuadores de genes agem assim, por um bom, simples e único motivo: Porque funciona! Agir de qualquer outra forma resultaria no fracasso do organismo em perpetuar seus genes e em uma grande perda para a sociedade em geral que estimularia cada vez mais organismos desrespeitadores dos genes alheios, diminuindo assim não só a Felicidade geral, como também indo diretamente ao encontro dos genes de se manterem.

 

Tomemos por exemplo uma sociedade aonde o assassinato, no lugar de ser repudiado é respeitado. A conseqüência natural é que aos poucos  o grupo evoluiria para um estado onde a morte seria cada vez mais comum.  E que bem isso pode trazer para a Felicidade Geral de todos?

 

Portanto em algumas ocasiões a aplicação do sexto pilar do Genismo, terá que ser muito bem interpretado, ou poderá ser prejudicial. Em outras palavras o sexto pilar deveria ser subordinado SEMPRE a Meta-Ética-Ciêntifica. Isso porque, como foi mostrado, desrespeitar os genes do outro é às vezes a única maneira racional de salvara própria vida  e de manter os restantes dos organismos Felizes e os genes da maioria a salvo.

 

Para evitar futuras confusões proponho portanto que o sexto pilar seja revisto, de forma a evitar possíveis enganos que podem ser causados na forma como este existe hoje. Uma alternativa mais clara poderia ser:

 

“Você deve respeitar os genes (do próximo) enquanto este respeitar os genes (de todos) .”

 

Ou seja, inicialmente, o organismo deve em campo aberto respeitar qualquer organismo, mas a história muda de figura dependendo da resposta do outro lado. Se o organismo revelar-se como uma ameaça respeitá-lo seria a mais irracional das atitudes. Terá sucesso e felicidade  aquele que souber evitar o desrespeito alheio e souber respeitar os outros. Este é real principio da reciprocidade e por meio dele se evita odiar quem não merece ou amar os perigosos, fazendo de nós uma benção aos nossos bem amados e um motivo de preocupação para quem for contra a Felicidade Geral.

 

Concluindo, pelos motivos que foram colocados a proposta dada para o sexto pilar me parece a mais acertada. Se estiver certo, convido-o a considerarem esta minha sugestão. Se eu estiver errado que então tudo o que escrevi seja renegado como devem ser renegados todos os erros do passado que só trouxeram tristesa e não colaboraram em nada para a Felicidade Geral da Humanidade.


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