A biologia da felicidade
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A felicidade é um estado de supremo bem-estar, uma miríade de estados
emocionais positivos que quem vivência quer preservar a todo o custo.
Biologicamente é difícil discernir se as alterações que este estado
provoca a nível cerebral são a causa ou o efeito da felicidade
experimentada pelo indivíduo, mas as Neurociências trabalham
afincadamente para ultrapassar a fase de especulação, determinar as
diferentes interacções entre os estados de espírito e a bioquímica do
corpo humano e determinar quais os meios passíveis de serem utilizados
para os modificar.

Muito provavelmente as alterações evidenciadas pela sensação de prazer
a nível do córtex pré-frontal e da amígdala, com aumento de actividade
destas zonas cerebrais demonstradas pela "Positron Emission
Tomography" (PET), pela "Functional Magnetic Resonance Imaging" (fMRI)
e pela Electroencefalografia (EEG), são biunívocas, o que leva a
concluir que estas zonas do cérebro são responsáveis por alguns tipos
de felicidade e que de alguma forma sugerem a existência de algumas
pessoas geneticamente predispostas a serem felizes.

Estas são as conclusões do estudo que Richard Davidson, professor de
Psicologia da University of Wisconsin-Madison, e director do
Laboratory of Affective Neuroscience e do Waisman Laboratory for Brain
Imaging and Behavior, publicou no ano transacto no Relatório da
Academia Nacional de Ciências dos USA.

As suas experiências, que envolvem a relação entre o cérebro e a
meditação em monges budistas, parecem ter estabelecido neste capítulo
uma relação directa e crucial entre a dopamina e a transferência de
sinais associados a aspectos da felicidade associados à antecipação de
um objectivo, como por exemplo a felicidade que atinge os monges que
alcançam o estado de meditação, e a felicidade evidenciada pelos
fumadores autorizados a acender um cigarro após 24 horas de privação.

Outros neurotransmissores e outras zonas do cérebro parecem estar
implicados no mecanismo do prazer e da felicidade: Brian Knutson,
Professor de Psicologia e Neurociência na Stanford University,
utilizando também a fMRI, orientou o seu trabalho para a tentativa de
compreensão da neurofisiologia da motivação e da tomada de decisão,
tendo chegado à conclusão que a activação cerebral neste modelo se
passava no nucleus accumbens e não no córtex pré-frontal.

Outro estudo de uma investigadora desta área, a psicóloga Laura
Kubzansky de Harvard, realizado num universo de 1300 indivíduos do
sexo masculino, concluiu que a taxa de doenças cardíacas nos homens
que se diziam optimistas era metade da taxa daqueles que não se
consideravam como tal, e que a função pulmonar nos não optimistas era
também significativamente pior do que a do grupo que se considerava
optimista. "A diferenciação do sentimento positivo que experimentamos
quando nos aproximamos de um objectivo, ligado à dopamina, daquele que
nos dá o prazer sensório, ligado ao sistema opióide, é uma área onde
se têm feito importantes progressos", diz o Professor Dacher Keltner
da University of California, Berkeley.

Mas o que para nós humanos releva de todo este trabalho científico à
volta da felicidade e dos seus mecanismos, é a conquista para esta
área do grau de respeitabilidade que poderá vir a fazer a diferença no
futuro próximo das Neurociências, nomeadamente na área cognitiva, e
nos poderá com certeza fazer a todos bem mais felizes, num futuro que
se prefigura não muito distante e numa galáxia bem perto de nós.

http://blog.uncovering.org/archives/2007/11/hapiness_is_a_w_1.html

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