A Terceira Lei do Comportamento do Bicho-Homem:
O Objetivo Final do Homem e da Mulher

Por: Antonio M. O. Castro

Bem, aqui nós temos que ir com um certo cuidado, pois fixar o objetivo último do macho e da fêmea da nossa espécie pode trazer muitas polêmicas. Talvez alguns considerem apenas o fato de querermos definir esse objetivo uma baita de uma presunção. Bem, se você estiver pensando em termos filosóficos, não conseguirá nunca obter um consenso sobre qual o objetivo maior do homem. Mas se você procurar descobrir o objetivo maior do homem em termos biológicos, a coisa talvez fique mais fácil. Para nossa maior segurança, é melhor que não nos apressemos nessa tarefa. Vamos conversando devagar sobre a questão e, quando sentirmos que a coisa está madura, a gente explicita a lei.

Proponho a você uma conversa de homem pra homem, de macho pra macho. E, se você que lê isto, é mulher, parabéns!, você tirou a sorte grande! Será como se você estivesse invisível numa mesa de bar cheia de homens falando de mulheres. Nossa natureza mais sórdida e machista vai aflorar, permitindo que você possa de uma vez por todas comprovar que “homem não presta”, uma das frases preferidas das mulheres. Então, pede um chopinho, relaxa e escuta.

Voltando a você, amigo, podíamos começar testando o seu grau de normalidade como Bicho-Homem macho. Digamos que você está esperando o elevador e vem aquela bela moça e pára ao seu lado. O elevador chega, a porta abre automaticamente, e você faz aquele gesto padrão com o braço, oferecendo-lhe gentilmente a primazia de acesso. É isso que você faz normalmente? Muito bem. Você é um macho normal, que por instinto protege as fêmeas da espécie, pois seu organismo sabe e te lembra a toda hora que as nossas fêmeas são muito mais importantes do que nós machos para a preservação da espécie. Afinal, com um único macho e milhares de fêmeas, uma espécie ameaçada pode se recuperar (Já sonhou com isso, não é? Você lá sozinho naquela ilha com um monte de mulher que você escolheu a dedo. Não é um sonho raro entre os machos...). Já numa situação em que você tivesse milhares de machos é só uma fêmea, o que ia ter de macho se matando para procriar com aquela única fêmea não ia ser moleza. E se ela morre do parto ou por um acidente qualquer, foi-se a espécie!

A cultura ensina e exalta esses pequenos gestos de delicadeza do homem com mulher, que fazem parte de todo um conjunto de atitudes nossas com elas visando a sua proteção. Normalmente quem pega no pesado somos nós, quem faz o trabalho perigoso também. Mandar mulher pra guerra é loucura de americano. Deve estar sobrando mulher por lá. A sociedade patriarcal, com o homem sendo o guerreiro e provedor da mulher e da prole, foi um desenho natural da sociedade, que segue esse nosso instinto de preservação. Claro que usar a “burka”, aquele traje muçulmano que cobre a mulher da cabeça aos pés, já é um certo exagero. Mas exageros a gente vê depois. Vamos olhar primeiro o que é normal e porque.

Continuemos no cenário do elevador. Após o seu gesto cortês e educado, a bela mulher passou à sua frente para entrar no elevador, no que você aproveitou para dar uma rápida conferida na bunda dela, certo? Claro, claro que você fez isso, o que prova que você é um Bicho-Homem macho e completamente normal. Nós alimentamos nosso organismo umas 4 ou pouco mais vezes por dia. Mas nosso pênis, que dizem que tem vida própria, é de uma voracidade canina, e tem que ser alimentado várias vezes ao dia, o que ele faz principalmente através de nossos olhos. Em conseqüência, você está sempre sendo induzido pelo organismo a dar a todo o instante uma olhadinha nas (boas) formas das mulheres que passam pelo seu campo de visão.

Não é culpa sua, é da genética. Dirigindo no trânsito, por exemplo, você está prestando atenção nos outros carros, nos sinais, nas placas, está passando as marchas a todo o momento, está ocupadíssimo, enfim. Mas sempre arranja um tempo para dar uma conferida na gostosa da calçada. De repente ainda fica procurando a menina no espelho retrovisor para dar uma outra olhadinha nela. Se você tem uma parceira ao lado, isso pode ser um problema. Tinha um amigo que sabia que tinha mulher boa no pedaço porque já levava um beliscão preventivo da esposa. Aí ele saia procurando a gostosa com os olhos. Parece que foi a esposa dele que inspirou a moderna doutrina da guerra preventiva.

Essa tendência dos machos de olharem as partes que lhes excitam mais na mulher, como coxas quando elas estão sentadas com aquele vestido que tem um rasgo do lado, seios através de um decote ousado e a bunda naquela calça apertadinha é tão forte, que um diplomata uma vez me contou que, em recepções, ele tinha um truque para não cair na tentação de penetrar com olhos num decote oferecido e criar um mal-estar internacional. Ele fixava o seu olhar nos olhos da mulher e congelava o olhar. Uma piscadinha e seus olhos já perigavam de ir pra onde não deveriam naquele momento. No fundo no fundo, toda essa postura delas de desprezar o homem que se vira para olhar a bunda gostosa que passou é pura hipocrisia. Elas sabem muito bem o que a gente gosta de olhar e, com as roupas ou com a ausência destas, salientam essas partes. Não gostam que a gente olhe? Usem a burka...

Continuemos e eu te pergunto: a bunda da mulher do elevador era gostosa? Ela estava com uma calça justa branca meio transparente e que marcava a calcinha? Você gostou, não? Mas você já se perguntou porque gostou (especificamente daquela bunda/mulher) e porque umas mulheres/bundas são mais gostosas que outras? Tem um padrão, não tem? Não deixa virem com aquela bobagem de cultura, que é só a cultura que determina o que é belo e o que não é, que os conceitos de beleza não têm nenhuma base na genética. Você pode botar um menino isolado do mundo, por exemplo, e ficar a vida toda catequizando o pobre para que ele tenha tesão na avó da Chapeuzinho Vermelho e ele vai continuar preferindo a menina. O nosso comportamento é resultado dos nossos instintos naturais direcionados pela cultura da sociedade em que vivemos. Não há de forma alguma comportamentos que sejam puramente genéticos ou puramente culturais. São sempre em função dos dois combinados.

A cultura usa suas diversas ferramentas, como a educação, as normas sociais, os costumes e tradições populares, para moldar nossos instintos naturais, exaltando alguns, limitando outros, de forma a que possamos viver em razoável harmonia social, que cresçamos saudáveis e em segurança, e que procriemos. Cultura não cria instintos, molda-os, adapta-os ao meio e ao tempo em que você vive. Na parte gráfica do Google, pesquise “nude” (nu, em inglês). Você vai encontrar o mesmo padrão estético de beleza feminina nas mais variadas culturas ao longo de milhares de anos. E qual é o padrão do corpo feminino belo? São os com anca larga, a bunda e os seios fartos, tudo numa proporção que lhes confere o formato de um violão. Padrão não quer dizer exclusivo, que todos só achem bonito esse tipo de corpo. O que se quer dizer aqui é que esse formato é preferência normal estatisticamente falando. Tem tarado que gosta de mulher anoréxica e outros de mulheres paquidérmicas. Ter, tem, mas esse gosto não é o mais freqüente na população. Nós voltaremos mais adiante a esse assunto do cultural X genético na determinação do nosso comportamento. Por ora só peço para que você não compre fácil essa idéia de que a cultura por si só determina grande parte do nosso comportamento.

Atualmente a ciência tenta explicar objetivamente o por quê desse padrão de mulher gostosa, aquela que é um convite ao pecado. É que essas mulheres, em função de uma maior dosagem de certos hormônios femininos que possuem – e que exatamente não deixam crescer gordura “no lugar errado” –  são mais férteis e mais sadias, melhores, portanto, para gerar e amamentar nossos filhos, do que as com formatos de corpo que se afastem muito do tipo violão. Há até um padrão matematicamente preciso, proposto por alguns pesquisadores da área. Você divide a parte mais estreita da cintura pela mais larga dos quadris e vai obter um coeficiente próximo de 0,69 ([1]). Não acredita? Confira abaixo (medidas obtidas de revistas especializadas em forma física no período 1998 – 2003):

Luciana Gimenez - 0,65
Sheila Melo - 0,67
Adriane Galisteu - 0,67
Giselle Bundchen - 0,67
Daniella Cicarelli - 0,67
Luisa Brunet - 0,67
Valéria Walensa - 0,67
Nívea Stelman - 0,67
Camila Pitanga - 0,68
Maria Fernanda - 0,69
Deborah Secco - 0,69
Lavínia Vlasak – no passado - 0,64;  três anos depois, após muita malhação para ficar mais atraente - 0,69
Danille Winits - 0,69
Ana Paula Arósio - 0,70
Luana Piovani - 0,71
Luma de Oliveira - 0,71
Mônica Carvalho - 0,71
Juliana Paes - 0,72
Susana Werner - 0,72
  
Duas consideradas não tão sexy em termos de corpo, para comparar:

Gabriela Duarte - 0,75
Carolina Ferraz - 0,74

Uma que disse a uma revista que não sabe como fez sucesso, pois acha seu corpo completamente desproporcional, com a cintura muito fina e os quadris largos demais. Aliás, ela só aparece nas fotos meio de lado - Ellen Roche - 0,57

O que não se pode deixar de ter em mente é que só o corpo nas medidas ideais não é suficiente para colocar uma mulher dentre as mais desejadas do país. Existe o rosto bonito (na lista não tem nenhuma feia) e a proporção entre peso e altura, e o tamanho dos seios, hoje freqüentemente ampliados com silicone. Na verdade, a maioria dessas modelos ou referências famosas de beleza são magras demais para a altura. Quando as vemos pessoalmente, normalmente é uma decepção.. Não chegam nem aos pés daquelas coisas voluptuosas que aparecem nas fotos e nas telas. O que acontece é que a fotografia e a TV “engordam” as pessoas. Então elas emagrecem muito para compensar esse fato. Acabam se transformando em um esqueleto ideal e não num corpo ideal, quando observadas ao vivo.

É, o seu destino pode já estar escrito nas curvas de uma mulher. E você pensava que tinha livre arbítrio para escolher...Olha, para ser sincero eu creio que mal e mal a gente escolhe o que come e quem come. Nosso organismo é cheio de truques para nos manipular. Mas deixa que a gente o pega.

Sabemos que bundas gostosas atraem, mas estão longe de ser o fator único determinante da escolha da parceira com quem você vai casar. Você quer fazer sexo com aquele corpo. Isso sem dúvida. Mas casar, bem aí entram muitas outras variáveis que influem na escolha, o que a gente vai ver depois. Agora precisamos nos fixar na importante tarefa de descobrir os objetivos finais do homem e da mulher.

Prossigamos. Se você é um cara normal e não está apaixonado por uma mulher específica no momento, deve ficar se imaginando com diferentes mulheres várias vezes por dia, não é verdade? Ah, as fantasias! A melhor hora é na cama antes de dormir. É aquela privacidade que só a escuridão lhe traz. Você fecha os olhos e pronto! Se você é solteiro, ainda não atingiu o grau de sordidez dos adultos casados. Então seus devaneios eróticos são mais puros, por exemplo com aquela aluna da 403, a filha do vizinho que acabou de mudar para o seu prédio, a empregada nova que trabalha na sua casa. Ah, as domésticas! Nunca tantas gerações de jovens machos dependeram tanto delas para o seu desenvolvimento sexual sadio.

Agora digamos que você já seja um macho adulto, uma pessoa de posição social respeitada, com família, uma bela esposa, vai à igreja aos domingos, você nem pensa nessas bobagens de moleque, não é verdade? Vai dizer que é verdade?! Olha, conta essa pra sua mulher, para os seus filhos, mas pra outro homem não. Independente da educação, da formação, da cultura, da posição social, quando o assunto é mulher todos os homens são a mesmíssima porcaria. Muda só a expressão concreta da sujeira. Você fantasia com a cunhadinha, com a secretária que você contratou só porque era gostosa, com a melhor amiga da sua mulher. E a estagiária nova lá no escritório, aquela que é filha de um grande amigo seu. Ah, como é bom olhar pra ela! Delícia uma estagiária, não?

Aquela Monica Lewinsky é bem fraquinha, convenhamos, mas condenar o Clinton por causa daquele “affair” dele com ela?! Um cara simpaticão, de quem sentimos a maior saudade depois que conhecemos o W. Bush, que estava ali só testando o seu poder de sedução sem nenhuma maldade, como é que podem condenar aquele homem? Que as mulheres condenem, tá bom, tá no papel delas. Mas aquele promotor que ficava tentando pegar no pé do Clinton por causa daquilo, que papel vergonhoso pra um homem macho. Que falta de solidariedade sexual!

O presidente da república, o cientista, o operário, o empacotador de supermercado, certos bispos de Boston, todos os homens tendem a comportar-se dentro da curva normal estatística quando se trata de sexo. Lembra do nosso Imperador D. Pedro I? Dizem que pulava janelas das casas vizinhas ao seu palácio na Quinta da Boavista do Rio, atrás da mulher dos outros. O que freia essa tendência natural são os nossos códigos morais. Se a coisa vira zona, a sociedade se desestrutura, as doenças sexualmente transmissíveis se proliferam, a prole pode ficar descuidada, sem uma família que a crie em saúde e segurança. E isso é uma ameaça para a nossa espécie.

Essa ameaça faz com que instintivamente nós criemos regras de comportamento social. Podem ser leis do Estado, mandamentos religiosos ou códigos morais. Hoje, a ciência mais do que demonstrou que outros animais também criam regras de convivência e tem a sua cultura que as transmite. O que é moralmente correto numa sociedade qualquer é definido pelo conjunto dos indivíduos que a compõem muito em função dos seus instintos genéticos de sobrevivência.  A moral freia a manifestação do instinto considerado maléfico para a sobrevivência do grupo e premia o oposto disso.

No Japão, por exemplo, é de certa forma imoral você pensar no seu interesse particular em detrimento do bem do país ou da família. Já certas sociedades ocidentais exaltam o individualismo ao extremo. Talvez  esses valores japoneses tenham se originado da necessidade de união do povo em torno da recuperação de seu país, arrasado pela 2a  Guerra Mundial. Já a cultura americana, por exemplo, cultuou a livre empresa, o individualismo, que foi uma forma eficiente de colonizar um imenso território que a cultura da época julgava selvagem. Outro exemplo: aqui no Brasil e em outros países a Lei condena a bigamia. Já um sheik árabe - milionário que pode sustentar enorme prole - pode manter um harém, um sonho de todo o homem normal.

Voltemos à carne. Se você é um cara normal e dá curso aos seus instintos naturais, você pensa o dia inteiro em mulher, olha com desejo pra tudo o que é mulher boa, vira a cabeça para ver a bunda da mulher que passou na rua e não tem nenhuma vergonha disso. Você se veste pra pegar mulher, escolhe um carro pra comprar por que acha que com aquele carro poderoso você vai pegar mais mulher, você planeja o fim de semana num local que vai muita mulher bonita, você vai nas festas e nos bares sempre e só pra pegar mulher. Se você estiver num local qualquer que não tenha pelo menos uma mulher que você ache comível, você vai sentir vontade de ir embora. “Está perdendo tempo aqui”, comanda o seu organismo.

As vezes você pensa que não está pensando em mulher, por exemplo quando está trabalhando ou estudando. Engano seu. Se você é um macho normal, planejou estudar, se preparar pra vida, trabalhar, progredir na carreira, ganhar muito dinheiro, montar um império industrial, porque aí, aí, você vai comer todas!!!

Esse sonho do macho do Bicho-Homem de (estar em posição de poder) comer todas é tão marcante na nossa espécie, que me faz lembrar uma história de quando o nosso grande tenista Guga, que era um completo desconhecido até no Brasil então, ganhou pela primeira vez o título em Rolland Garros lá por 1998. Quem lhe entregou a taça foi, se não me engano, o ex-campeão Guillermo Villas, que, no ato da entrega, falou alguma coisa no ouvido do Guga que o deixou rindo sem parar. Tempos depois o Guga contou o que ouviu. O Villas lhe perguntou: “E aí, você está preparado agora comer todas?

E qual é o fundamento biológico para esse nosso instinto, que tanto parece desagradar às mulheres? Isso também está bastante demonstrado pela Genética. O macho tem sempre em sua pistola, pronto para uso, milhões e milhões de espermatozóides carregando os seus genes. Já a mulher, coitadinha, é só um óvulo por mês, e sua vida útil em termos de capacidade de reprodução, é muito mais curta do que a do homem. Alguém já disse: “Na Natureza, espermatozóide é barato e óvulo é caro”. Na prática do nosso comportamento,  isso faz com que o homem seja um espalhador de genes por instinto e a mulher, do lado oposto, atue sempre selecionando os melhores genes masculinos que ela consiga atrair.

Uma das mais prazerosas sensações que o organismo te permite sentir é exatamente a de estar na situação de escolha ilimitada de fêmeas para procriar. É o sonho da ilha perdida com você de homem e 100 mulheres te babando. E você não escolheu para essa “viagem” nem uma só que não fosse muito gostosa, por certo. Tudo 0,69. Não é que você realmente queira de verdade comer todas. Se você for obrigado a isso, talvez não goste e com certeza não vai dar conta. Na verdade, dentre todas as sensações de prazer que o nosso organismo está engenheirado para ter, a mais prazerosa que podemos sentir é a do amor retribuído. Se milhares são atraídas para você, as chances de você ter um amor retribuído de uma bela mulher, uma verdadeira fêmea-alfa, casar e procriar com ela são muito, muito maiores. No fundo, os homens são uns românticos e não galinhas como as mulheres acham. As mulheres é que não aceitam isso.

No final, tudo é uma questão da busca das melhores fêmeas para procriar. Pegue a melhor que você puder!, te induz o organismo. Bem, acho que já estamos maduros para formular a 3ª Lei do Comportamento do Bicho-Homem. Podemos escrevê-la numa versão popular e numa versão científica:

TERCEIRA LEI DO COMPORTAMENTO DO BICHO-HOMEM – O OBJETIVO MAIOR DO MACHO – versão popular:

 O objetivo maior do macho da espécie do Bicho-Homem na vida é o de atingir uma posição na sociedade em que ele vai (estar em condições de) comer todas.

Versão científica:

 O objetivo maior do macho da espécie do Bicho-Homem na vida é o de atingir uma posição na sociedade em que ele vai estar em condições de escolher os melhores genótipos ([2]) femininos para expressar o seu, perpetuando a sua linhagem genética.

 Essa questão, esse instinto de perpetuação da sua linhagem genética é tão forte em todos nós e em outros animais que li sobre uma tese de uma geneticista americana propondo que esses estupradores em série são normalmente indivíduos que não conseguem atrair o sexo oposto, não comem ninguém em outras palavras, e, de repente, seus genes o enlouquecem para que ele arranje da forma que for uma fêmea para fecundar. 

Os leões, por exemplo, não são estupradores em série, com certeza, inclusive pegar uma leoa à força, acho que nem sendo leão, mas se um macho encontra uma fêmea viúva com filhos de outro leão, eles matam imediatamente a prole estranha, para que ela entre no cio mais rapidamente e procrie com ele. Li também sobre pássaros que, numa situação de perigo para o bando, em que um deles está na função de vigia, ele alerta primeiro os parentes próximos e depois o resto. Em toda a Natureza você encontra esse comportamento, o objetivo final é o mesmo: passar seus genes para uma prole sadia e que esta continue a proliferar. E nós não somos diferentes.

 Então, se você olhar com mais atenção para esse seu objetivo de “comer todas”, vai ver que, na verdade, você só quer a mulher como meio de transmitir seus genes para a prole. O interessante é que você só vai descobrir isso depois que começa a ter filhos. Se você não tem filhos, pode até ter vontade de tê-los, mas se não os têm, como sentir amor paterno? Então, antes de tê-los, o estímulo que seu organismo te passa é o de “pega uma mulher e come”. Seus hormônios te enlouquecem de desejo e amor. E você casa e tem filhos. Mas esse fogo passa com o tempo em relação à eleita. Parece que já está programado para passar, de forma a que você procure uma outra boa fêmea para aumentar e diversificar geneticamente sua prole.

 De quem você vai gostar mesmo a vida toda é de seus filhos. Sei que têm exceções, de filho que não se dá com o pai e vice-versa, de pai que é indiferente com os filhos. Têm. Mas o normal – e o normal é o que importa quando você analisa o comportamento de uma espécie animal – é que o seu filho será sempre o seu filho. Já a mãe deles, cada vez mais o homem esquece (e vice-versa, sabemos). Mulher é assim como um doce. Seu organismo acha aquilo gostosíssimo. Mas ele está só te induzindo a pegar a energia do açúcar que está naquele doce. É danado de esperto este nosso organismo. Nos ilude o tempo todo para que a gente faça o que ele quer e só o que ele quer...

  O objetivo último da mulher.

Você que estava lá invisível na mesa do bar assistindo a essa conversa machista deve estar em choque agora. Você tinha certeza que homem não prestava, mas não se dava conta do nível avançado e elaborado de sordidez a que nós podemos chegar. “E ainda usam a desculpa da biologia e da genética para justificar atos da mais profunda falta de moral! Instintos naturais o quê! Pura falta de vergonha na cara!” Durante toda essa conversa que você ouviu, aposto que não parava de lembrar daquele pulha do seu ex-marido: “Parece ele falando! Que nojo!”

Bem, você pode fazer a escolha que quiser. Ou todos nós homens temos um conluio secreto, eterno e espalhado pelo mundo de sermos sem-vergonhas, incluindo presidentes de países, imperadores, alguns bispos de Boston e todos os demais homens comuns e incomuns da Terra, ou algum fundamento nos genes da nossa espécie essa história tem. Quando determinados comportamentos são tão generalizados por toda uma espécie, a chance de que a razão para que ele se manifeste tenha um pé no genoma da espécie é enorme. Então, vejamos o seu lado nessa questão de objetivo último do homem e da mulher.

Acho que devemos nos perguntar em primeiro lugar porque tantos homens se esforçam, dedicam a vida para atingir essa posição de destaque social, de onde ele crê que vai poder comer todas?  Porque, lamento, é verdade. Quando ele chega lá todas as mulheres querem dar pra ele. Se não fosse verdade, os homens, que – diga-se de passagem - são bem mais solidários entre si do que as mulheres, já tinham contado o logro para os outros. “Olha, é tudo mentira. Sou um artista famoso e milionário e não como ninguém.” Será? A coisa toda parece ser um jogo dos sexos, cujas regras ambos conhecem e que funciona assim, amiga, e pelos séculos e séculos...

Te irritei, não é? Agora foi demais? “Aaamiga?! E ainda vem com intimidades?” Tá bom, desculpe, vamos seguir com um pouco mais de formalidade. Já entendi que você não se identifica com aquele grupo de mulheres que freqüentam auditórios da TV e berram freneticamente “Liiindô” para aquele cantor de pagode, não é verdade? E, apesar de loura, nunca se ofereceu para jogador de futebol, correto? Tá bom, Dona Exceção, eu acredito em você. Mas me responda só uma coisinha: você gosta de homem bundão, aqueles branquelas, parvos, que usam óculos de aros grossos, que sempre parecem prestes a babar? Você vai a festas e passa a noite toda só conversando com um nerd bundão (redundância), sobre como ele achou um bug no software da companhia em que ele trabalha e que ninguém descobria?  

Se você costuma fazer isso, então você também é uma nerd bundona, e deve interromper essa conversa aqui imediatamente e passar para a parte deste manual que dá sugestões de cura aos bundões e bundonas. Mas, se você é uma mulher normal, deve achar mais atraente os homens que se destacam dos outros por algum fator, que pode ser a inteligência brilhante, um dom artístico incomum, ser poderoso, milionário ou famoso, ter charme, que é algo bastante difícil de dizer objetivamente o que é, e outras coisas mais que não me ocorrem, mas você tem as suas. Eu não estou dizendo que homem bonito não lhe atraia. Atrai. Mas só bonito e “sem sal”, você descarta rapidinho. Eu estou dizendo descarta pra gostar, se apaixonar, casar, não para ir pra cama. Mas este já é um assunto particular seu, no qual eu não vou me intrometer. Aqui estamos procurando evidências empíricas, coisas da realidade, coisas simples e inequívocas, aqueles comportamentos generalizados na mulher que nos permitam concluir qual é o objetivo último dela, como parte da espécie do Bicho-Homem.

Há vários anos atrás, tantos que me fazem esquecer a fonte, li sobre uma pesquisa nos EUA que tentava descobrir o que primeiro o homem vê numa mulher e vice-versa. Os resultados apontavam para o fato de que o homem olhava para a condição física mulher em primeiro lugar, algo que não precisa pesquisa alguma para a gente saber. Já a mulher, notava primeiro a condição social do homem, ou seja, a sua posição na pirâmide da sociedade. Se ele está no topo, ela se sente atraída por ele ou para ele. Se está na ralé, nem um beijo e tchau! (A propósito, mulher nota muito o sapato do homem, não é verdade? Vocês têm toda a razão. É de uma grande sabedoria. Sapatos feios ou velhos e rotos definem um homem. Claro que se o homem for um cientista ou um intelectual vocês até perdoam, mas um homem qualquer tá fuzilado na hora. Homens comuns do mundo! Às sapatarias!)

A conclusão dessa pesquisa era a de que as (boas) condições físicas da mulher que denotem boas condições reprodutivas é que atraem os homens em primeiro lugar, e a condição social do homem é o principal fator que atrai a mulher pra princípio de conversa. Note bem: pra princípio de conversa, pois se a conversa não for boa, boa no sentido que revele aqueles aspectos de destaque individual do homem que listamos acima, foi-se! Já o homem, é aquela coisa horrível, não é mesmo? A mulher é uma besta, mas está lá no padrão de corpo 0,69 e pronto. Ele fica horas todo meloso com a anta.

Lembro-me, a propósito, que lá pelo final dos anos 70 meu círculo mais íntimo de amigos era composto de intelectuais de esquerda, marxistas ortodoxos que não perdoavam o menor deslize da sua forma de pensar. Um dia nós fomos a um encontro etílico, dos normais que a gente fazia toda a semana e constituíamos um tribunal que julgava o mundo tomando whisky escocês, e um lá do grupo chegou com uma namorada nova que era linda da cabeça aos pés, passando por todas as curvas do corpo. Mas a menina ficava quieta no seu canto, parecia constrangida em estar no meio de gente que falava coisas das quais ela aparentemente não entendia nada. Poucos minutos depois eu vejo um daqueles marxistas roxos, que diziam que tinha pego em armas contra a repressão da ditadura militar, o que ele negava com um certo sorriso nos lábios induzindo a que a gente imaginasse que sim, chegar perto dela e perguntar: “O que você faz na vida?” E ela responde com uma voz doce e melodiosa: “Trabalho numa empresa. Sou recepcionista da presidência.” E o sem-vergonha, que não dava assunto a ninguém que não tivesse lido O Capital no original em alemão, comenta: “Ah, que interessante...” E continuou a puxar conversa com ela. Marxista ou capitalista, judeu ou católico, oriental ou ocidental, tudo farinha do mesmo saco. Diante de uma mulher irresistivelmente bela, o homem não resiste. Claro que há exceções. Seu pai e seu avô jamais se comportariam assim. Seu marido, no começo do casamento até que dava pra confiar nele. Hoje em dia você não põe a mão no fogo por ele.

Mas deixemos os devaneios de lado e vamos falar da conclusão da pesquisa. O que os pesquisadores concluíram é meio aquilo que a gente já sabe: homem se sente atraído pelas fêmeas que podem lhe dar os filhos mais saudáveis e bem amamentá-los. Mulheres, priorizam estabelecer relações com homens que tragam segurança na manutenção dela e da prole. Algo que expressa bem essa necessidade de segurança da mulher é o sonho do Príncipe Encantado, o conto de fadas. Ela encontra um príncipe, riquíssimo é claro, que se apaixona por ela, luta por ela, no que prova o seu amor, pois mulher não é de acreditar assim fácil que o homem goste verdadeiramente dela, depois casam, têm muitos filhos e são felizes para sempre. Quer mais segurança do que isso?

A segurança no parceiro masculino é tão fundamental para as mulheres que, como afirma a “sexóloga” americana Candice Bushnell, autora da série de TV a cabo Sex and the City, mulheres perdoam mais facilmente os homens que as traem apenas por sexo do que por amor com outra mulher. Se ele está traindo só por sexo, amanhã ele volta pra casa do mesmo jeito (do mesmo jeito sem-vergonha, que seja). Se for por amor, ela se sente em risco de perder o provedor da família (sei, sei, você é a provedora da sua família e seu marido é aquele inútil que não contribui com nada em casa, mas nossos genes trazem uma bagagem de memória de milhares de anos e não da semana passada). Já o homem não perdoa de forma alguma a mulher que deita com outro, pois ele não vai mais ter certeza de que o filho que nascer é dele (sim, sim, hoje tem o teste do DNA, mas nossos genes trazem uma bagagem etc, etc,................).

O fato inconteste é que mulheres são mais atraídas e querem se acasalar com machos-alfa. A definição do que é alfa num determinado momento pode levar em conta fatores da sociedade em que você vive e alguma coisa do conjunto físico do homem, como o tal do charme. Por exemplo, se você fosse uma índia de uma tribo do Alto Xingu, na Amazônia, certamente consideraria o cacique um macho-alfa. Mas, com certeza, se você tá lendo este manual em Ipanema, no Rio, ou nos Jardins, em São Paulo, você muito provavelmente tem outros tipos de “caciques” na cabeça.

Essa coisa da gente trazer uma carga genética de milhares de anos que induz a certos comportamentos, pode se expressar de formas algo peculiares na sociedade moderna. O nosso macho-alfa das cavernas não seria muito diferente do macacão-alfa que dá porrada nos beta, gama e delta, e come todas as fêmeas. Além de ser aquele mais capaz de defendê-las e à sua prole, ele apresentava um físico mais atraente, por ser mais forte. Mas, hoje, o homem pode ter um físico de ratapulgo (não me pergunte o que é isso, você pode bem imaginar) e ser um milionário capaz de sustentar 300 esposas e seus filhos. Aí que não seria incomum uma mulher casar com um babaca milionário ou, como algumas dizem, com um “coroa rico”, e manter relações carnais com outros machos que lhes despertam mais os hormônios sexuais. 

E como vocês atraem os homens? Ah, aí vem aquela coisa recíproca. Vocês sabem o que os homens gostam e tentam exaltar na sua aparência o que eles gostam. Você, que é uma mulher fina e educada, é claro que não usa calças compridas brancas que entram na bunda e que a gente vê ou imagina a calcinha toda. Isso é coisa de mulher vulgar, não? Você deve ser uma mulher do tipo que veste aquele belo vestido de grife com um decote mostrando a parte superior dos seios e as costas quase até a cintura, mas sem vulgaridade. Convenhamos que você achava bem divertido ver aqueles caras que não conseguiam tirar o olho do seu decote na festa, principalmente quando você abaixava pra pegar uns salgadinhos na mesa de centro. É claro que você sempre segurava o vestido na altura do decote quando se inclinava para não oferecer uma visão demasiadamente íntima e parecer despudorada, certo? Vocês são espertas mesmo. Homens nunca notaram que é de propósito que vocês usam mini-saia e, quando sentam, ficam puxando a saia para cobrir as pernas o tempo todo. Eu noto que os homens ficam consternados com o sacrifício a que vocês são submetidas para usar roupas da moda que oferecem uma visão mais detalhada da anatomia feminina e continuarem “descentes”.

Essas são as estratégias de conquista de atenção dos homens que vocês utilizam. Vocês sempre tentam exaltar as partes do corpo ou rosto que mais atraem os machos, como cintura, bunda, coxas, seios. Hoje não tem a venda calcinha com enchimento para aumentar a bunda? Você eu sei que não, mas algumas usam, não é verdade?

Por todo o sempre, pelo menos o sempre que a História conhece, a mulher usou maquiagem, vestimenta e apetrechos para exaltar a sua feminilidade. E isso tem uma regra. As técnicas são as mais diversas e dependem muito da cultura local, bem como da tecnologia disponível, com certeza. Mas há prioridades. O homem sente atração por uma mulher muito em função das suas condições físicas para a reprodução. Então, aparentar juventude, por exemplo, é um fator fundamental para a capacidade de sedução da mulher. E elas têm verdadeiro pavor de envelhecer. Mentem a idade com uma desfaçatez impressionante.

Mulheres estão sempre tentando salientar a sua feminilidade. Mulheres normais, certo? Por exemplo, uma das características típicas do rosto feminino é a de ter as sobrancelhas mais afastadas dos olhos do que as do homem. E as mulheres depilam as sobrancelhas para as colocar mais afastadas ainda dos olhos. Mulheres têm pavor de ter sobrancelhas grossas, pior ainda se forem ligadas entre si. Os homens concordam. E buços? Ai, um bucinho, como inferniza a vida das mulheres! Aliás, pelos em geral, o que se pressupõe que mulher que é mulher de verdade não tenha muito, enriquecem os depiladores. Periodicamente as mulheres se submetem a sessões de tortura, aplicando cera quente para depilar as pernas. Mas, você que é rica, vai usar o laser para uma depilação definitiva. Gasta dinheiro, mas economiza tempo.

Lembra do espartilho? Sei que você não usou, mas sabe que mulher chegava a desmaiar de tanto que apertava a cintura com o espartilho nos séculos passados? Tinha até um apetrecho tipo gaiola que elas botavam debaixo da saia para aumentar a bunda. Antes de chegar o verão, as academias de ginástica ficam cheias no Brasil todo. São as mulheres se preparando para exibir os corpos nas praias. É a hora da verdade. Não dá para falsear nada de biquíni.

Posso ficar aqui dando 500 exemplos de como as mulheres se fantasiam para atrair os machos. Mas não vamos perder nosso tempo demonstrando o óbvio. O importante é ter em mente que elas fazem isso para serem cortejadas pelo maior número possível de homens, o que lhes confere maior probabilidade estatística de poder escolher o macho-alfa para acasalar . Já falamos dele, não? Já vimos que mulheres são selecionadoras de homens. Elas querem ser notadas, querem atrair, ter o poder de sedução, nunca para cruzar com todos, o que é o instinto do homem que não presta. Homens, já vimos também, que não prestam e estão sempre dispostos a comer qualquer mulher que dê bola (pelo menos da boca pra fora). Mas casar é outra coisa bem diferente. Uma copulazinha ali, outra aqui, pra homem pode ser uma coisa considerada completamente normal. Vai ter assunto para contar para seus colegas de escritório no dia seguinte. “Comi uma loura ontem, que era uma coisa”, propagandeiam os safados. Aliás, se é verdade que cu de bêbado não tem dono, não menos verdade é que pênis de bêbado não tem dono. Ou dona. Bêbado pega qualquer coisa, e, se nem bêbado, o cara quer ficar com você, Houston, you have a problem.

Então vejamos logo como podemos enunciar a 3a Lei do Comportamento do Bicho-Homem, versão feminina:

TERCEIRA LEI DO COMPORTAMENTO DO BICHO-HOMEM – O OBJETIVO MAIOR DA FÊMEA:

O objetivo maior da mulher é o de conseguir atrair o maior número possível de machos, para que ela possa selecionar aquele que lhe traga a maior segurança na criação da prole e manutenção da família.

E, cá entre nós, se além disso, ele for bonito, melhor ainda, não é verdade?

Homem e mulher, a nossa cultura vem reforçar esse instinto genético particular de cada um. A mulher é educada pela família tomar cuidado com os homens, escolher um que seja honesto, trabalhador, bom marido. O “bom partido” é sempre rico, disponível, dedicado à família, encara a vida com seriedade. Traz segurança, em resumo. Já o pai adora o filho comedor. “Puxou a mim!”, vai contar orgulhoso para os amigos. Se sábado à noite o filho costuma ficar em casa lendo um livro, o pai já fica preocupado. “Meu filho, você tem que se divertir mais”, aconselha. “Se divertir” quer dizer sair e pegar mulher. É, é da genética.



[1] Para saber mais pesquise na Internet “waist to hips ratio” (relação cintura/quadris).

[2] Genótipo é o conjunto de genes característico de um determinado indivíduo de uma espécie qualquer e só dele, no que diz respeito àquele conjunto específico de genes. É como na música: as notas disponíveis para compor são as mesmas para todos os músicos, mas a combinação das notas numa canção, é única e só do autor.

Compre:  "Um Novo homem para um Novo Milênio", livro onde o autor explora e aprofunda os conceitos deste texto.

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