O Amor, segundo Jocax
Por: Jocax  (Fev. 16, 2001)
Nova versão: Maio 2006

"O Amor é um instinto, programado em nós pelos genes, para fazer o Controle de Qualidade da pessoa que poderá ser o pai /mãe de nosso(s) filho(s)".

Daqui podemos então concluir que:

1-O amor é um instinto.

O amor é um instinto. Isso significa que o amor não é diretamente controlado por nossa vontade consciente. Devo enfatizar que instinto, do modo que aqui me refiro, significa desejos, impulsos ou reflexos, em suma, algoritmos mentais, que são moldados em nossos cérebros por uma prescrição codificada nos genes. Um instinto, eventualmente, pode também ser modulado pelo ambiente, isto é, sua ação depende também das circunstâncias na qual o organismo está inserido. São conhecidas como regras epigenéticas. De qualquer modo os instintos estão fora de nosso controle consciente, não podemos escolher o que iremos sentir quando iremos sentir nem por quem iremos sentir.

Sendo o amor um instinto implica que ele também é hereditário. Mas isso não significa que o objeto do amor seja determinado exclusivamente pela genética. Como disse antes os algoritmos mentais podem ser modulados pelo ambiente, ou seja, a cultura local pode fixar alguns valores que influenciarão os algoritmos mentais na determinação do objeto amado. Acredito, entretanto, que a maioria dos traços que influenciam o amor são fixada geneticamente. Alguns traços são sempre valorizados, independentemente da cultura ou época, por exemplo, a beleza, inteligência, caráter, saúde sempre terão forte influência no grau do amor, mas a proporção de cada traço necessária para disparar o instinto – e fazer a pessoa amar - varia de pessoa a pessoa e deve ser determinada geneticamente.

 2-O amor é um instinto para o controle de qualidade.

Muitos ainda se enganam que o “objetivo” dos seres vivos é perpetuar a espécie. Não é. O objetivo de todo ser vivo é perpetuar os genes, seus próprios genes.

Perpetuar significa sobreviver ao tempo, atravessar as gerações. Isso significa que a qualidade do portador dos genes é essencial. Nossos genes irão se juntar aos do sexo oposto e formar outro ser. Se os genes que forem se juntar aos nossos, em nossos filhos, não tiverem “qualidade” suficiente, nossos genes poderão não sobreviver ao tempo e isso pode significar não sobreviver à competição com outros indivíduos, ou então não conseguir conquistar parceiros sexuais para ter filhos ou ainda não conseguir parceiros de qualidade. Assim, o controle de qualidade é necessário aos genes para manter seu “intento” de imortalidade.

Além disso, a qualidade da prole não se dá apenas através dos genes do parceiro. Pouco adianta termos muitos descendentes se estes não sobreviverem a uma única geração por não estarem preparados física ou culturalmente. Existe, portanto, um compromisso entre qualidade e quantidade. Em geral, quanto maior a quantidade, menor tende ser a qualidade. O inverso, também é verdadeiro: Quanto menos filhos, maior os cuidados e maior o investimento "per-capita" e, portanto, maior a qualidade de cada um, aumentando a possibilidade dos genes atravessarem as gerações.

Em resumo: O amor serve como um filtro de qualidade para que façamos uma boa escolha do parceiro que poderá misturar seus genes aos nossos através de filhos.
 
3- O objetivo do amor é gerar filhos.

O objetivo do amor é gerar filhos, pois é através de filhos que os genes saltam de uma geração à outra em sua “busca” pela imortalidade. Isso explica a razão direta entre o amor e a sexualidade, a libido, entre o amor e o querer a pessoa sempre perto, explica também o ciúme. O ciúme é uma forma de garantir e, principalmente, manter o parceiro amado como futuro provedor dos gametas (óvulos/espermatozóides) que nossos genes se unirão. É também a razão de a velhice ser tão temida pelas mulheres: Os homens instintivamente preferirão as mais jovens, em idade reprodutiva (mesmo que eles não queiram conscientemente ter filhos), e isso é percebido pelas mulheres que, desesperadamente, lutam "contra" a velhice.

E é por este motivo também que a velhice nos homens não é tão trágica quanto tem sido, psicologicamente, para as mulheres: Os homens têm quase o dobro do período fértil que a mulher tem, por isso não sofrem a mesma pressão seletiva por parte do sexo oposto como as mulheres sofrem.

Por esta razão não nos apaixonamos por pessoas de, ao menos aparentemente, de alta qualidade, como musas de grande beleza ou artistas famosos: Embora pareçam ter ótimos genes eles estariam muito aquém de nossas reais possibilidades e por isso os instintos não se deixam enganar por ilusões que não poderão mesmo gerar filhos.

 

2.0 - A Paixão, segundo Jocax

A paixão é uma forma de amor. A paixão é o sentimento amoroso em um grau extremo, e quase sempre mesclado com muita imaginação.

A paixão se caracteriza pelo desejo obsessivo pelo ente amado. Esta obsessão, muitas vezes, se dá pelo fato de, não se conhecendo todos os aspectos da pessoa amada, estes aspectos são preenchidos com a própria imaginação da pessoa apaixonada.

Por isso, muitas vezes, a paixão esvai-se tão repentinamente quanto chegou: Quando os aspectos imaginados são substituídos pelos reais e que nem sempre correspondentes aos anteriormente imaginados. Isso acontece à medida que a pessoa vai conhecendo, de fato, seu objeto de amor.

Entretanto, e raramente, pode acontecer o inverso, quando as características inicialmente imaginadas, são confirmadas pelo tempo: a paixão consolida-se então como um amor duradouro.

Como uma forma de amor, a paixão também visa à perpetuação genética, e por isso ela também é um sentimento ligado ao desejo sexual. Assim como o amor a paixão mede a qualidade genética do ser amado, só que esta qualidade estimada nem sempre é real, pois está mesclada com aspectos imaginários.

Assim sendo, não é impossível que uma paixão possa ser substituída por outra, uma vez que este outro ser pode ter mais qualidades que o primeiro e, portanto, o alvo da paixão poderia mudar de destino.

A paixão é, portanto, perigosa pois, trazendo junto com ela aspectos imaginários, corre-se o risco de se tomar decisões equivocadas. Por outro lado, talvez seja o único modo de pessoas excessivamente tímidas, ou de relacionamento difícil, poderem ter filhos.

Então, acredito que a paixão será tanto maior e mais freqüente quanto mais tímida for a pessoa. Isso se deve ao fato de que se a timidez tem origem genética, a única maneira da pessoa se libertar, e se envolver, seria através de um sentimento mais poderoso.

A paixão, como uma forma de amor, também está relacionada a geração de filhos, por esta razão é muito comum homens mais velhos se apaixonarem pode mulheres bem mais novas e em idade de alta fertilidade: Os genes do homem "percebem" que terão alta probabilidade de perpetuarem-se. Então a paixão se instala para que o corpo corra atrás do objetivo gene-perpetuativo. Note, porém, que deve haver algum tipo de recepção por parte da jovem para que isso ocorra já que se a mulher não der algum indício de receptividade ao homem, os instintos percebem uma "chance zero de cópula" e podem desistir de "possuir" o corpo com a paixão. Portanto, casos de paixões entre homens mais velhos e muheres bem mais jovens são previsíveis e reais, mas para ocorrerem, como em toda paixão, a mulher deve fornecer algum indício de possibilidade de cópula ao homem.

 

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